quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A estranha história de Maruge Button


Boas. Outro dia falei aqui de uns filmes que vi, inclusive aquele de estranho título the strange blá blá Benjamin Button, com o Brad Pitt. Bem, o filme trata de uma temática cara a todos nós, mais de uma vez eu ouvi, e você também deve ter ouvido, como seria bom se, ao invés de irmos ficando mais velhos fóssemos remoçando, assim teríamos mais para o fim da vida tempo e juventude para fazer tudo o que não tivemos oportunidade de fazer antes, por falta de tempo, e que não poderemos fazer na velhice, por falta do vigor da juventude. Bem, o filme mostra a vida de Benjamim Button que, nasceu velho e foi rejuvenescendo. Meu assunto hoje não é bem esse filme mas sim um outro filme, e uma outra vida, a vida de um Keniano chamado Kimani Ng'ang'a Maruge, uma espécie de Benjamim Button da vida real.
Maruge nasceu em 1920, e como a maioria dos africanos tem uma vida marcada por lutas e tragédias. Ajudou a expulsar os ingleses em 1950, foi torturado, perdeu filhos, esposa mas seguiu vivendo. Em 2003 Maruge ficou sabendo que o governo do Kenya resolveu tornar a educação básica, de primeira a quarta série, gratuita. Assim ele, com 83 anos, pensou que seu velho sonho poderia finalmente se realizar, e resolveu se matricular na escola. Bem, a vida não é fácil assim, a diretora disse que ele não poderia se matricular, era uma escola para crianças que tinham cadernos, livros, uniformes, ele já tinha passado um pouco da idade. Maruge voltou no dia seguinte com um saco de pano com dois cadernos velhos e três lápis. Ele também tinha cortado a sua única calça para se adequar ao padrão de uniforme da escola. A diretora, diante da obstinação do aluno, nada pode fazer, e deixou Maruge assistir as aulas.
Sim, as crianças tiveram medo, chamavam-no de velho doido, sim, os pais se revoltaram e não queriam que aquele velho "insano e demente" desvirtuasse seus filhos, mas Maruge não se abalou. Ele acabou chamando a atenção do mundo, e as autoridades locais não puderam impedi-lo de ir as aulas. Mas é claro que o governo, como sempre fazem os governos, tentou dificultar e punir, e como não podiam tocar em Maruge transferiram a diretora que o aceitou na escola para uma outra localidade, bem distante de sua tribo. Maruge, que é além de aluno um criador de ovelhas, vendou duas de suas ovelhas para ir até Nairóbi e pedir a volta da diretora. Mais uma vez com a atenção de Ongs e redes de televisão, as autoridades não puderam negar.
Maruge se adaptou bem, as crianças se habituram com ele e até o elegeram representante dos alunos da escola. Ele já está na sexta série. Maruge entrou para o livro dos recordes como o estudante mais velho do mundo, se bem que quando a gente vê a foto dele assim, sentado em sua escola e aprendendo, a gente tem a impressão de que só o corpo é mesmo de um ancião, a mente é de um jovem, talvez ele seja mesmo o verdadeiro Benjamim Button, e assim, remoçado e obstinado, ele nos faz ver que nunca devemos perder uma oportunidade de aprender. E se você quiser assistir a um breve documentário (12 min.) em inglês sobre a vida de Maruge é só clicar aqui

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Vou atacar de jurista

Boas. Agora de férias tenho mais tempo para acompanhar o que anda acontecendo aí por terras tupiniquins. Até Big brother eu vi hoje (bem, deixa pra lá). Empolgante mesmo tá o caso do italiano para quem o Tarso Genro concedeu asilo. Eu, claro, vou dar um pitaco. Bom para isso fui ao âmago da mente para buscar uma ou outra coisa que ainda lembro dos tempos que estudei direito - quando fazia história na Unicamp cheguei a cometer esa loucura por um ano na PUC Campinas. Também vou tentar lembrar de uma ou outra coisa que eu li quando era um aspirante ao Rio Branco (Bem, pra quem não sabe, houve um tempo em que, por acidente, passei nas primeiras fases do Rio Branco e aí tive de estudar direito internacional para tentar passar na última fase, mas como acidentes não acontecem várias vezes, não rolou. Acho que ajudou também o fato de eu ter ido fazer as provas de bermuda, mas putz, tava quente!) Bem, como todo esse meu "conhecimento jurídico" é totalmente superficial, conto com a ajuda dos vários doutores bacharéis que acompanham este singelo blog para me corrigir nos eventuais erros.
Pelo que andei lendo, argumentos jurídicos existem tanto para um lado quanto para o outro. E acho que o fato de o procurador geral ter uma opinião e juristas como Dalmo D'allari terem outra, é um pouco reflexo disso. Mas quando eu estudava direito...
Bem, se eu bem me lembro, e realmente não sei se me lembro bem, há um conceito de "espírito da lei" que eu acho todo rábula tem de saber. A questão é saber o porquê da lei. Well, vamos lá, ao que tudo indica a lei define que o poder executivo tem a última palavra na questão do asilo. razão? Simples, esse treco de asilo quase sempre afeta a política externa, e cabe ao executivo zelar pelo bom andamento da política externa. A intenção da lei é que determinadas decisões jurídicas não interfiram nas relações externas do país, que são de extrema importância.
Dito isto, vamos analisar o caso. Primeiro: A Itália é uma democracia? É. Era uma democracia constitucional ao tempo dos acontecidos? Era. Então quem somos nós para interferirmos nas questões jurídicas internas de uma democracia soberana?
Segundo: essa decisão é sábia do ponto de vista das relações externas do país? Não. Só vai dar dor de cabeça. Então porque raios o Tarso Genro e o governo Lula fizeram essa, com o perdão da palavra, "cagada"?
Simples, como já disse em outro post, tanto o governo do Lula, como o do FHC que o precedeu, tratam a coisa pública como privada, em toda e extensão semântica do termo. Eles tratam a política pública como coisa comezinha, de comadres, estão mais preocupados com as relações pessoais, de padrinhagem, camaradagem. Não são estadistas. Estadista é o cara que faz exatamente o contrário, coloca os interesses do país em primeiro lugar. O Brasil não teve muitos não, mas vou citar dois que viveram na mesma época, Vargas e Prestes. É claro que o Vargas era um ditador, coisa e tal, mas era um estadista. Prestes, mesmo sem nunca ter o poder nas mãos, era um estadista (para muitos isso é uma contradição em termos, mas para mim não), por isso mesmo se aliou em determinado momento ao próprio Vargas, que antes havia mandado sua esposa para morrer nas mãos de Hitler. Os nossos amigos supracitados não passam nem perto disso. Por isso Tarso Genro concedeu o asilo, muito provavelmente para satisfazer alguma relação de camaradagem.
O problema é que o Ministro da Justiça, ao ceder a espiritos de camaragem em detrimento do espírito público, fere o próprio espírito da lei, de fazer com que as relações externas do país não sejam prejudicadas por decisões jurídicas. Nesse caso o governo interveio foi para prejudicar mesmo. E o Brasil? Ah, o brasil que se dane!

PS: OK, a minha teoria pode ter vários furos, muitos jurídicos, mas só não me venham com aquela papagaiada de orgulho nacional, de soberania, de que a França fez isso e a Itália aquilo. Novamente, a Itália era e é uma democracia, com uma constituição, não é nem era um Estado de exceção. Nesse caso quem afrontou e avacalhou com a soberania dos outros fomos nós...

respondendo:


Sarah: e aí gostou do conto? O filme é bem legal, mas acho que o Slumdog millionaire é melhor. Besos!

Amenidades

Boas. Então, férias é tempo de assistir filmes certos? Pois bem, foi o que eu andei fazendo nesses dias de inverno. Vi vários. Com os títulos mais estranhos. Tinha Slumdog millionaire, MILK, Revolutionary road, Frost/Nixon e um que tinha até estanho no título, the strange case of Benjamim Button, ou algo parecido. Já que agora é férias no Brasil, vou sugerir dois dos acima citados, Slumdog Millionaire, (juro, é muito mais engraçado quando você conhece os indianos, mas mesmo se você não conhecer nenhum vai gostar muito do filme) e do Benjamim Button, que é baseado em um conto do Fitzgerald (que você pode ler aqui). Um é pra rir e chorar, o outro é para chorar e rir. Bons filmes. Mas o melhor mesmo que eu vi foi um documentário sobre a eleição para representante de sala de uma escola em Wuang, na China (estive lá, chato né?) É uma turma de 3a série, mas é muito engraçado ver como os pais enxergam naquilo uma chance para que o filho se destaque e possa, quem sabe, ter um futuro melhor. É que com aquela população as crianças na China tem de se destacar cedo. O título do filme é please, vote on me, e faz parte de um projeto chamado why democracy. Você pode ter uma idéia do filme na página do projeto. Só que como eu sou muito sensível, quase chorei quando os meninos começaram a xingar uma candidata a Xeong, e a menininha começou a chorar no meio do discurso dela. O bicho cruel é o ser humano, desde pequeninho né?
Bem, já que hoje é dia de falar de amenidades, falemos dos nossos turistas bulmerangues. Tá engraçado ler essas notícias no jornal de brasileiro que bate na Espanha e volta. Mas a culpa é do governo, nesse caso do Itamaraty. Porque se os caras estão voltando, e realmente não tem NADA de errado e eles eram apenas turistas querendo conhecer a terra do ingenioso fidalgo Don Quixote de La Mancha, então o Itamaraty tinha que chamar esses espanhóis as turras e fazer uma retaliação, tipo o Lula ir, em cadeia nacional, dizer que "nunca (mais) na história desse país se comerá Paella" - hum, não, essa não - "nunca mais na história desse país pagaremos dívidas do Santander." É, essa é boa! Agora se não for o caso, o governo deveria ir logo dizendo "calma galera, era tudo neguinho ilegal querendo vender Kebab nas ruas de Madrid." Porque nesse caso meu amigo, ou é uma coisa ou é outra! Mas eu tenho uma teoria. É que eu vi um dos derpotados segurando o passaporte, aquele verdinho. Aquele verdinho não pode galera. Não tem código de barras, sistema usado por todos os aeroportos mais ou menos decentes do mundo. O governo precisa trocar logo o passaporte do resto da moçada... Eu, que tenho a maior pinta de terrorista paquistanês misturado com afegão nunca fui barrado em aeroporto nenhum do mundo! E quando fiz escala em Nova York outro dia (putz do chique) a negona ainda me desejou um welcome do fundo coração! Tudo bem que em Varsóvia quando eu estava voltando para o Japão, o detector de metais apitou e me fizeram a revista com aquele detector portátil. Mas eu nem me importei, afinal era uma morenaça de olhos azuis, vestida em um uniforme do exército... enfim, seja como for, se for a Espanha e tudo der errado grite em bom portunhol "yo quiero mi abogado, yo soy uno cidadón respectabele, Carajos!"


Sarah: eu fazer inveja a você, que outro dia tava fazendo pic nic no Central Park...

Kobelus. Boa. Vejo que o judô serviu para alguma coisa. Só um errinho, não tem Heit, sete é sichi, ou nana.

Lara: Acho que tá. Ou não! Tenho de perguntar..

Pri: Pois é, se eu já estou assim aos 25, imagina quando tiver uns 30 (heheheeheh) E sim, postarei as fotos das Filipinas! Como diria um ex presidente Duela a quien duela!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Férias sem fim


Boas. Andei sumido, sei. Mas eram os afazares. Semana que passou passaram-se também minhas últimas aulas, de maneira que agora entre em modo de férias de inverno. A diferença é que dessas férias eu não volt mais, ou seja, minhas aulas no Japão se acabaram. Sexta eu tive de fazer uma apresentação na aula de japonês, e pela primeira vez na minha vida dei uma aula em japonês. Foi uma aula sobre Hiroshima. Vinte minutinhos só. Mas enfim, para quem chegou aqui sem saber como contar até dez em japonês, já foi um grande avanço. Fazendo o balanço geral depois de um ano e meio de aulas no Japão acho que aprendi que há tantas coisas a se aprender e que aprender é a experiência humana mais fantástica que existe. Acho que é isso. Em um treinamento de professores, aprendi a ser aluno. Um mal aluno, como sempre fui, mas enfim, sempre aprendendo...
Para comemorar teve um jantar na sexta na casa de uma dos professora. Aprendi que, mesmo depois de um ano e meio, não estou adaptado para longos jantares no Japão. Ficar por duas horas sentado nesse tatame com as pernas dobradas quase me fez não levantar mais. Para completar, no caminho de volta fazia um frio chato, menos 3, 4, com aquele vento que bate na orelha e parece entrar na alma, mas enfim, sobrevivi. Agora é aproveitar as férias. Ah, sim, vocês devem estar curiosos para saber o que eu vou fazer na férias né? Bem, depois de menos 15 em Varsóvia, menos 10 em Moscou, e menos alguma coisa todo dia aqui em Otsu, resolvi que vou deixar o frio de lado. Em fevereiro vou para okinawa, a ilha "tropical" dos japoneses. Mas isso não é tudo. Afinal eu mereço um pouco mais. Em Março vou para as Filipinas. Vou colocar uma rede em uma daquelas ilhas do pacífico e esperar a hora de voltar ao Brasil...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A casa já não é mais branca


Boas. Como disse ontem, peguei meu pacote de amendoim, sentei no sofá e assisti a festa do Hussein. Várias coisas chamaram-me a atenção nessa posse. Primeiro que americano não chama posse de posse, chama de "inauguration" é, a inauguração de um mandato. Pode parecer bobo, mas por vezes as palavras nos mostram o rationale, a lógica de uma cultura. No Brasil ainda existe a cultura de se apossar do que é público para fins privados. É isso que os políticos brasileiros mais sabem fazer. Por isso acho a nossa nomenclatura perfeita, eles tomam posse mesmo (infelizmente). Lá não, o sujeito não toma posse de nada, um período é inaugurado. É por isso também que a posse dos presidentes americanos é tão cheia de ritos e tradições. Porque a posse é do presidente, não do Obama. Ele não pode fazer o que quiser, porque a presidência é maior do que ele. É claro que ele pode escolher detalhes aqui e acolá, quem canta, quem ora, o menu do almoço, mas há uma estrutura que se mantém inatacta, uma tradição que lembra a todos que o poder não é algo que se deva personalizar.
No Brasil é uma festa né? cada um entra e faz o que quer. Porque eles acham que a posse é deles, a política brasileira ainda tem muita daquela coisa caipira, do coronel, da pessoa. Me chamou a atenção por exemplo que os discursos oficiais da posse do Hussein falavam não da posse do Obama, mas da posse do quadragésimo quarto presidente, Obama. Sacaram a diferença? De novo, enfatiza-se o fato de que a presidência é maior do que o presidente. Alguém sabe quantos presidentes o Brasil teve? Não, mas a gente sabe que os E. U. A tiveram 44...
Sabe, fico triste quando vejo como no Brasil essas coisas são desvalorizadas. A logomarca do governo por exemplo muda a cada novo presidente. Agora por exemplo na logomarca do governo o BRASIL é pintado com um vermelho que chama a atenção, vermelho que não está em nenhum símbolo nacional, mas é a cor do partido do presidente, então...
No GDF é a mesma coisa. Ora as coisas são verdes, ora, vermelhas, ora azuis... Lembro-me de um mandato do Roriz em que até as lixeiras foram pintadas. É a falta total de respeito pela coisa pública, pelos símbolos, tudo vira propriedade privada do novo comandante, é o coronel mandando pintar a fazenda com as cores que ele gosta, e somos nós o gado que nem ruminar rumina.
Na posse de Hussein, lá estavam todos os ex-presidentes vivos, lado a lado, adversários políticos mas que sabem que, como ex-presidentes, não podem mais fazer política partidária. Aí olho para o meu país e vejo Sarney, em seu toma-lá-da-cá de sempre, querendo ser presidente do senado. Grandeza nenhuma. Só ganância e mesquinharia.
Obama leva Bush ao helicóptero. Um adeus cordial. Puxei pela memória e falei, opa, pera aí, isso no Brasil também tem, me lembro de presidente deixando o palácio de helicóptero... hum- lembrei. Era o Collor, fugindo do povo. Do sonho de Luther King até a posse de Obama, do dia em que pretos não eram servidos em restaurantes até o preto-presidente foram menos de 50 anos. Fico pensando quanto tempo vai levar para que no Brasil, alguém com a grandeza de um chefe de Estado ocupe a presidência. Se forem só 50 anos, fico feliz.
Por fim, o presidente vai pra casa. E lá, casa de presidente é casa branca, não é torto, dinda, jaburú, porque, novamente, é a casa do presidente, não do fulano ou do beltrano. Se bem que isso agora também mudou um pouco por lá. Para o bem de todos, a casa lá já não é mais branca.

PS 1: A BBC só se referia ao Obama como primeiro presidente afro-americano. Acho essa coisa politicamente correta uma besteira. E ainda tem gente querendo trazer isso para o Brasil. Quer dizer que americano mesmo são só os brancos, os pretos são "afro"americanos? Bestagem de gringo. Americano é americano. Um é preto, outro branco, outro amarelo, outro marrom, mas é tudo americano...

PS2: Outro "plus" da posse de um presidente americano : não existe aquela faixa ridícula. A única tradição que a gente tem tinha de ser aquela faixa brega de ditador de república das bananas??

Respondendo

Cláudia: Um beijão pra você. Você não sabe, mas eu que aprendo com vocês...


Swami Abdalla - cara, não tenho a mínima idéia de quem você é, mas obrigado pelo comentário. O que você falou é verdade, e mesmo dentro das escolas públicas no DF existem grandes diferenças. Uma escola "modelo" no plano piloto é bem diferente de uma escola qualquer do Itapuã... (Itapuã de Brasília né, não a de Salvador...) Um abraço,

Um país de canalhas


Boas. Como disse ontem, na sexta feira fui a (desculpem-me eu ainda não encontrei a crase no meu teclado...) escola mais cara de Kyoto, uma das mais caras do Japão. Vamos pular o lugar comum, e não falar do prédio de seis andares, com vários elevadores é claro, onde eu me perdi, obviamente ,
(bem, eu me perder não é um parâmetro muito bom, quando cheguei da Europa, eu fiquei na dúvida por exemplo de qual era o meu apartamento e tive de verificar o número certo lá embaixo na caixinha do correio), mas enfim, as instalações da escola são melhores do que de qualquer faculdade/universidade que eu tenha visto no Brasil e também no Japão. Mas o que me chamou a atenção não foram as mais de 25 salas multimídia, ou as mais de 15 salas de reunião, o que chamou a atenção foi que, tudo que eu vi lá, eu vi também nas escolas públicas aqui.
Mas calma, eu explico. Por exemplo, na escola pública, bem como nessa super escola, cada professor tinha um laptop e uma bancada para trabalhar. É claro que na escola pública era um laptop mais humildezinho, com uma bancadinha mais feinha e uma cadeira menos confortável, na escola particular os professores tinha um mac igual ao meu, bancadas espaçosas, poltronas confortáveis, mas enfim, tinha. As salas multimídias eram muitas na escola particular, com um computador para cada aluno mais um monitor extra para cada dois alunos, na escola pública não, era um computador para cada dois alunos, mas tinha.
Eu vi na prática o que a gente já sabe há muito tempo: o problema no Brasil é desigualdade. Não dá para comparar escolas públicas com privadas, como não se pode comparar hospitais públicos e privados, bairros ricos e pobres e por aí vai. O Brasil é um dos campeões de desigualdade no mundo. Li um relatório do World Bank de 200o que dizia que no Brasil, para cada dólar gerado, 0,1 centavo ia para o mais pobre. No Vietnã por exemplo, eram 0,4 centavos. Isso quer dizer na prática que o Brasil teria de crescer 4 vezes mais do que o Vietnã para o pobre brasileiro no final ganhar o mesmo que o pobre vietnamita (não, o Brasil não cresce 4 vezes mais do que o Vietnã, na verdade tem uma taxa de crescimento MENOR do que a do Vietnã).
É meus amigos, vivemos, ou melhor, vocês vivem em um país canalha. O problema é que a gente se acostumou com essa canalhice. Na escola mais cara de Kyoto, não há congestionamento de carros com os pais deixando ou buscando os filhos, porque no Japão as crianças, desde os seis anos de idade, vão para a escola SOZINHAS, andando ou de ônibus/metrô. Elas andam por highways , estradas de alta velocidade, movimentadas, como na foto acima, porque todos sabem que não haverá nenhum boçal dirigindo a 150 por hora, nenhum motorista de taxi afobado ou caminhoneiro bêbado. No Brasil a minha amiga tem de proteger o blog onde posta fotos do filho pequeno, com medo da criminalidade. Se ela tá exagerando? Hum, ontem ouvi aqui pela CBN Brasília que encontraram o corpo de uma menina de seis anos, com sinais de ter sido violentada, em algum lugar do entorno. A avó que cuidava dela e de mais 18 netos pequenos, está desconsolada. Parece que um carro parou na porta quando a menina brincava e, com uma moeda, atraiu a menina para o carro. É que ela era da parte mais pobre. Do Brasil que vai frequentar escola pública, ser tratado pelo SUS e morar na boca do lixo. E a distância desse Brasil para o Brasil em que vocês vivem, acreditem, é maior do que a distância entre mim e vocês agora. Uma avó que tem de cuidar de 18 netos... é Brasil. É a canalhice a qual nos acostumamos. Quando conversava com o professor de história dessa escola, e disse a ele que no Brasil o professor ganha por hora/aula e por isso tem de dar aulas em várias escolas, ele não acreditou. "isso eu não conseguiria" ele disse. No Japão o professor trabalha de oito as seis, de segunda a sexta, na mesma escola. Parte do tempo leciona, parte do tempo corrige, planeja, atende alunos. Hora/aula é uma excrescência, um tumor de um sistema educacional doente. É uma das razões porque professores no Brasil não exigem que seus alunos escrevam. Preferem provas objetivas, raramente exigem relatórios. Os professores sabem que se fizerem isso, terão de corrigir em casa, depois das 8, 10 horas aulas do dia. Esse é um dos porquês de brasileiros não saberem escrever. É uma das razões de, apesar de 80 vagas, um concurso para juiz no Rio só consegue aprovar 4 pessoas. Hora/aula. Mais uma canalhice. O professor japonês diz que não aguentaria isso, a gente aguenta, porque como disse, acostumados estamos as canalhices de nosso país. E assim, pouco a pouco, vamos nós também cada dia nos tornando mais canalhas. Bom, agora vou pegar meu amendoim e assitir a posse do Obama. Amanhã eu conto o que achei. Beijos, canalhas!


Respondendo:

Kobelus: heheh, essa do cobertor é velha.

Elienai. Aqui no Japão a caixinah do leite, bem como aquelas bandeijas de frios, coisa e tal, a gente devolve no supermercado. Qualquer supermercado. No caso do leite ainda tem de lavar a caixinha e cortar com uma tesoura, deixando a caixinha como uma folha. Garrafas pet também vão para um lugar especial, mas em todo lugar tem o lixo de jogar a garrafa pet. Vidros, baterias e afins também têm um dia especial de coleta. E olha que aqui em Otsu o Lixo nem é tão complicado assim!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sobre lojas e vendedores




Boas. Acabei de voltar do supermercado, e tenho a certeza de que vou sentir falta dos supermercados quando voltar ao Brasil. Quer dizer, não do supermercado em si, mas da gentileza dos caixas de supermercados, e de vendedores em geral, no Japão. Quando estive na Polônia agora no fim do ano, já senti um pouco na pele como são as coisas em um país normal. A Monika queria comprar uma cafeteira para o pai, foi até uma loja, escolheu o modelo, mas a loja só tinha o modelo no mostruário, não no estoque. Bem, isso aqui no Japão jamais aconteceria, e se acontecesse o vendedor pediria mil desculpas pela falha da loja, coisa e tal. Como já era dia 23 de dezembro o que a vendedora da loja disse a Monika foi "deveria ter feito as compras de natal mais cedo!" huahuahau, banho de realidade ocidental! No Brasil não seria muito diferente, talvez a vendedora dissesse "deveria ter feito as compras mais cedo BEM!" Outra coisa, que eu já tinha até me esquecido, é o negócio do troco. Aqui não existe a frase "não tenho troco" ou "não tem uma nota menor não??" com aquela cara azeda. Sempre tem troco. O caixa já cospe as moedas automaticamente, e a vendedora só se ocupa com as notas. Você pode pagar algo que custa 100 com uma nota de 10,000 não tem cara feia, tem troco e sempre a infalível frase "arigatô gozaimashita."
Nas lojas, não tem caixa e vendedor. Todo mundo é tudo. Assim os vendedores ficam arrumando as coisas pela loja, e tão logo você vá ao caixa vazio, alguém corre para o caixa. Se outro cliente se aproxima, outro vendedor abre outro caixa. As filas são raras. Só mesmo em fim de ano, quando o volume de clientes é muito grande.
Mas esse fim de semana eu aproveitei mesmo foi para andar por aí. Tem uma montanha aqui perto de casa, e me disseram que lá no topo havia um templo. Sem mas nada para fazer, resolvi verificar. Uns 5 kilômetros daqui andando, mas a subida era bem íngrime... Quando cheguei lá, aquelas cenas de filme, o templo tava lá, com todo o complexo e muito neve não derretida, mas não havia quase ninguém. Era só eu, andando por aqui e por ali, e essa foto eu tirei lá aí de cima eu tirei lá. Na sexta feira eu fui também em uma escola particular em Kyoto, aliás a escola mais cara de Kyoto, mas sobre isso eu falo amanhã... Besos, David

Respondendo:

Elienai
É verdade sim que aqui o pessoal é mais ecológico. Isto é, tenta ser né. A divisão de lixo é um drama, com mais de seis tipos diferentes de lixo (Há cidades com mais de 20 tipos) e coisa e tal, mas a gente não pode se esquecer que os japas são um dos maiores compradores de madeira ilegal, além de serem também um dos maiores responsáveis por pesca ilegal no planeta. Mas eu vi a tampa do meu sabão em pó por exemplo, e a empresa tem uma eco campanha como você pode ver. No quadrado verde tá escrito "vamos pensar sobre o CO2," e no azul "vamos pensar sobre a água" com a descrição de projetos apoiados pela empresa nessas duas áreas. E para finalizar, não era preguiça não, é que foi fim de semana né! Ah, e eu fui barrado no seu blog, o das histórias do Caio, disse que era só para convidados! Ultraje!

Kobelus: É, só que cobertor de pobre cobre a cabeça descobre os pés! Veja lá querer cobrir dois né!

Karine: O Brasil pode continuar o mesmo, mas Karine, quanta diferença!

Valero: Well, obrigado, mas como você mesma pode observar para as placas nem precisa de inspiração, elas falam por si mesmas!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sustos

Boas. De quando em quando a gente leva uns sustos né? Domingo tocou a campaninha aqui em casa. Perguntei "quem é?", mais por curiosidade do que qaulquer outra coisa, aí veio a resposta "é a polícia!" Confesso que gelei. Em um pentelionésimo de segundo pensei em tudo que eu poderia ter feito de errado no Japão para justificar a polícia em minha porta, penssei "visto tá em dia, passaporte também, hum, será que foi aquele dia a noite que eu fiz xixi na árvore? Não, já sei, é o lixo, eu sempre coloco o lixo no dia errado, vieram me prender por causa do lixo!" Assim, resignado, fui até a porta pensando no ultraje que das manchetes dizendo que, em Shiga-ken brasileiro é preso por jogar o lixo fora no dia errado. Bem, abri a porta, já com a insegurança do culpados, pronto para ouvir o "perdeu playboy, cara no chão" e o policial começou "Dabi Xilba?" e eu "é, sou eu sim..." aí ele, foi e anotou meu nome em uma agenda. " Eu sou o policial do posto aqui do lado, como estamos em um novo ano estamos recadastrando os moradores e também aproveitando pra dizer que, em caso de problemas, pode nos acionar através deste número X, blá, blá e blá." É tão difícil se acostumar com polícia que é exatamente como deveria ser.Levei um susto.
Mas susto maior mesmo foi quando estava assistindo aqui ao me "BBC NEWS" e a muher disse "the president of Brazil Lues anacio desalva" aí eu prestei mas atenção né, afinal não é toda hora que se fala do Brasil. Mas eu acho que, ou eu estou sonhando, ou a mulher errou, ou o Brasil mudou muito. Ela disse que o Lula tá no Bolívia, e que ofereceu ajuda a Evo Morales pra guardar a fronteira e prender traficantes! Ofereceu até helicóptero! Ué, se o Brasil já tá até ajudando os outros quer dizer que a Amazônia agora tá 100% monitorada? Que o Brasil conseguiu combater o tráfico dentro do país, finalmente!! Puxa, quanta coisa muda em um ano e meio! Ou será que devo dizer, passa ano, passa governo e nada muda? Levei um susto.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

As placas de sinalização


Boas. Hoje choveu. Depois nevou. Depois fez um sol bonito de ver. Tudo em 15 minutos. E eu que achava o tempo de Brasília estranho. Vou bem, embora o futebol de segunda feira tenha me deixado quebrado. E que aqui os japas jogam muito rápido, e com muito afinco. Eu fui entrar nessa e me dei mal. Um sujeito do outro time roubou a bola e foi correndo em diração ao gol, eu fui acompanhando (o que, modéstia parte, já é bastante para o vovô aqui) e quando vi que ele ia chutar me atirei na frente da bola. Sim, cortei o lance, mas também dei um jeito na coluna...
Mas enfim, o importante é que meu time venceu! E venceu todas as partidas da noite! Mas mudando de alhos pra bugalhos, em me deparei um Cracóvia com essa placa de trânsito, e como bom turista que sou me peguei pensando sobre a natureza das placas de trânsito. Diga, se você é um motorista em uma noite fria em Cracóvia, e se depara com essa placa, que mensagem você recebe? O que essa placa quer dizer? Eu achei que a placa fosse "cuidado com o pedófilo que está perseguindo a garotinha" , mas não ficou claro que ;e para termos cuidado com o pedófilo, com a garotinha ou com os dois, com a perseguição em si. Enfim...

Em praga eu vi essa. O meu Tcheco não é muito bom (hum, duplo sentido, deixe-me reformular) não sei falar Tcheco muito bem, mas pela figura não tem erro, é para helicópeteros (hihihi, vocês notaram que eu escrevi "helicópEteros?". Tô virando analfa total!) Aliás em 2009 tiraram o o acento do voo né? Já era difiícil voar no Brasil, agora sem acento então... Mas bem, eu não entendo a razão de colocarem essa figura em uma placa de trânsito, eu não consigo imaginar o que essa placa possa dizer para, quer dizer sei sim, tá dizendo que é uma rua que tem passagem, não é sem saída, mas a figurinha voando... Será que só tem passagem se for pelos ares?



Mas enfim, os tchecos são muito criativos mesmo quando se trata de placa. Só não têm mesmo é muito poder de síntese e proporção, como mostra a placa ao lado. Na verdade eu fiquei na dúvida se isso era uma placa ou a "crônica de uma morte anunciada." Vamos analisar a situação: carro gigante prestes a atropelar homem sem pescoço e menino do braço sem fim, tudo por causa da bola, que de repente nem é mesmo bola, mas a cabeça da última vítima do carro assassino. Mas sério, qual é a mensagem? É pro menino não jogar bola porqu vem carro, pro homem sairo do caminho porque o menino vai fazer o gol ou pro carro escolher entre o menino e o homem? Bom, não sei, só sei que as vezes a língua pode não ser a única barreira em um país distante. Mas também né, quem é o mané que vai pra Europa e fica tirando foto de placas sem noção??? Beijos, até.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A foto


Boas. Como vão as coisas por aí? Por aqui tudo bem. Algumas novidades. Já há uma pré-data para a minha volta, 26/03. Nesse dia eu pegarei um voo de Osaka para Frankfurt, nove horas depois chego em Frankfurt, faço não sei bem o quê não sei bem por quanto tempo e mais nove horas até São Paulo. Aí faça não sei o quê, não sei bem por quanto tempo e pego outro voo para Brasília. Simples né? Só de avião são umas 20 horas, mas as esperas, atrasos, hum, tudo deve dá umas 28, 30 horas, menos as doze horas de diferença eu acho que eu piso meus pés no planalto central por volta do dia 27, hora de Brasíla. Depois eu devo ficar uns cinco dias dormindo as sete da manhã e acordando as cinco da tarde, então eu devo estar aberto para visitação pública (sem duplos sentidos) por volta do dia 1 de Abril! Ah, é mentira!
Bem, falando em mentira e Frankfurt e coisa e tal, lembrei-me de que neste fim de semana caiu a primeira neve aqui em Otsu. Em Nagoya só vai nevar em Fevereiro, mas aqui é um pouquinho mais frio. Teria sido emocionante, se eu não tivesse sido atolado em neve na Polônia e em Moscou no ano passado. Esse frio tá enchendo o saco!
Ah, deixe-me explicar a foto. Bem, quando em Cracóvia, eu queria muito visitar esse museu aí. É que eu li em um guidebook (não, claro que eu não compro guidebooks quando viajo, eu sou muito avacalhado pra pensar nisso com antecendência, o livro era mais um panfleto que eu peguei no "centro de informações ao turista"), bem, no tal panfleto falava desse museu, e esse museu tinha entre coisas uma cadeira que havia pertencido a shakespeare, e objetos pessoais de Abelardo e Heloísa (bem, meus alunos sabem quem são, espero, quem não sabe, joga no google.) Well, fui super emocionado ao museu, olha daqui, olha delá, muita coisa interessante, coisa e tal, aí acabamos de ver tudo e nada da cadeira do Shakespeare, nem das coisas de Abelardo e Heloísa. Aí eu falei pra Monika, "joga um bisu na tia aí e pergunta da cadeira do Shakespeare" aí a Monika foi pra tia da recepção e começou "puiuvisk, quivosk kurva, pienkne chezs th voski vodka qiosqui aftasardemhemorroidasidem?" Bem, ela me disse que a mulher falou que a cadeira do Shakespeare tava em um lugar especial, mas como era domingo (a gente visitava todos os museus aos domingos, que era sempre de graça, hehehe) não havia funcionários suficientes, mas se a gente REALMENTE quisesse, eles mandavam alguém com a gente. Eu perguntei "esse REALMENTE quiser foi do tipo, por favor não quieram?" a Monika respondeu "foi" aí eu disse "pô, mas eu quero... diz que eu viom lá do Brasil só pra isso...." well, dez minutos depois uma tiazinha nos acompanhou a tal sala secreta, onde eu vi não só a cadeira de Shakespeare, como a de Voltaire e objetos pessoais de Abelardo e Heloísa!! Hehe, viva, é bom ser chato!! De quebra a mulher ainda deu um tour guiado por outras áreas, onde se podia fotografar, e me mostrou esse retrato, do nobre que era dono do castelo em que o museu funciona, e que comprou a cadeira do Shakespeare e coisa e tal. O tio do cara era muito rico, tava morrendo, aí mandou chamar todos os seus sobrinhos, inclusive uma pancada que ele não conhecia, para escolher o herdeiro, já que ele não tinha filhos. Bem, o sujeito ficou com preguiça de ir lá na casa do chapéu pra uma herança que era mais do que incerta, então mandou um zé ruela qualquer pintar esse quandro aí dele, e mandou o quadro. Resultado: foi escolhido. Êta cara foto higiênico, digo fotogênico né não? Mas agora eu ja sei, se alguém mandar me chamar pra uma herança qulquer eu nem vou, mandou um email com a foto anexada! Besos.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

o turista oculto


Boas. Agora mais descansado posso falar melhor da viagem. Eu nunca viagei com grupo, tipo excursão Stella Barros, primeiro porque eu não acredito em 10 cidades em 7 dias, segundo porque eu sou um turista peculiar, gosto de visitar coisas e lugares estranhos, que nem sempre estão nas rotas das empresas de turismo. Em Praga o lugar que eu queria porque queria visitar era esse aí ao lado, a casinha azul,onde morou Franz Kafka, o grande escritor Tcheco. Não sei bem o porquê dessas coisas, mas enfim, se o turista sou eu eu quero visitar o que eu bem entender certo? A casa de Kafka é em uma rua antiga de Praga (1597), a menor, com as menores casas, adjacente ao castelo do rei e que ele mandou fazer para presentear os guardas do castelo, que eram 24 e não cabiam todas em casas normais nessa rua, por isso as casas saíram menorzinhas. Essa rua se chama golden Lane alguma coisa, porque aqui, segundo a lenda, moraram muitos alquimistas, aqueles que queriam transformar simples metal no mais nobre deles, em ouro.


Outro lugar que eu queria visistar era esse cemitério aí ao lado. é o Vyšehrad cemitério em Praga, lugar de descanso dos artistas e boêmios da Bohemia, entre outros o compositor Dvorak. Bem bonito, perto do castelo com o mesmo nome eu visitei essas áreas no meu último dia em Praga, e foi uma das áreas que eu mais gostei, até porque ali não haviam tantos turistas! O resto de Praga estava infestado, ouvia-se muito inglês, francês, polonês e, pasmem, português do Brasil. Eu não cheguei a falar com nenhum brasileiro não porque achava legal ficar escutando sem saber que as pessoas soubessem que eu entendia. Em um restaurante teve um grupo de 4 amigos discutindo por horas o que era cabbage (repolho), porque eles queriam pedir um prato e um dos ingredientes era cabbage. Eu quase que dei uma mãozinha e falei "cabbage é repolho moçada" mas resolvi ficar na minha e fingir que não sabia de nada. Eu acho que a maioria do povo devia achar que eu era indiano, ou algo do tipo, mas os mais sem noções foram um cara que queria me comprar euros e a mulher do hotel. O cara já começou a mandar ver em espanhol, eu perguntei pra ele, "você acha que eu sou da onde?"e ele "você é espanhol né?" hum... Mas o prêmio sem noção mesmo ficou pra mulher no hotel, que tava falando alguma coisa em polonês/tcheco com a Monika, e virou pra mim e perguntou alguma coisa, a Monika falou "ele é brasileiro" e a mulher "Ah, achei que ele fosse polonês, com bronzeado!"AFF...


Em Varsóvia eu quase deixei o pessoal louco porque eu queria ver o lugar onde tá enterrado o coração de Choppin. Bom, a Polônia tem muitos cidadãos ilustres, como Copérnico, Ian pavel (hehe, João Paulo), e por aí vai, mas o Choppin pra mim foi o mais malandro e político, na hora da morte, em Paris, para agradar gregos e baianos disse "enterrem meu corpo e, Paris, mas meu coração, ah, meu coração enterrem em Varsóvia!" Bom, como todo mundo tem medo de contrariar defunto, aí, na igreja da cruz sagrada repousa o coração do Frederico. mas essa igreja tem um significado especial, a foto em preto e branco e da época do levante de Varsóvia. Nenhuma cidade européia sofreu mais com a guerra do que Varsóvia, foi invadida no primeiro dia de guerra, 1 de setembro de 1939 e ficou sobre invasão dos nazistas até 1945. Em 1944 o povo da cidade soube que as tropas de Stalin estavam do outro lado do rio Vistula. Junto com o governo que estava no exílio em Londres, juntaram as últimas forças para expulsar os nazistas. Conversaram com Stalin que mandou dizer "podem mandar ver, assim que vocês começarem eu mando as minhas tropas invadirem para ajudar vocês." Bem, os caras fizeram o levante, expulsaram os nazistas e ficaram livres por 5 dias, mas Stalin nada de mandar as tropas dar apoio. É que ele pensou "se eles vencerem agora, o governo no exílio, sob influência de Londres, é quem vai mandar lá, e isso eu não quero..."assim, os nazistas se reorganizaram e destruíram o levante, e Hitler ficou tão puto da vida com os poloneses que deu a ordem "risquem o nome de Varsóvia do mapa da europa" como resultado, os caras dinamitaram tudo, tudo mesmo, inclusive essa igreja, e a foto do cristo no chão é desse momento. Depois da guerra veio a recosntrução, colocaram, o Cristo de volta, em pé, como símbolo da Polônia que se reerguia, só que dessa vez ainda sob mando de Stalin... O resultado é uma cidade que, as vezes parece antiga, as vezes parece Brasilia, com sua arquitetura comunista, reta, enfim, interessante...


Ufa, Cheguei!











































Boas. Depois de intermináveis horas de viagem, cheguei. Por que o Japão é tão longe hein? Duas horas até Moscou. O aeroporto de Moscou parece uma rodoviária. Pra completar não tem tudo suficiente para todos os aviões, aí lá vai nós descer nos 15 graus negativos, embaixo de neve pra chegar a até o ônibus, que espera de portas abertas até todo munnnndo entrar, 15 minutos de frio! depois, nove horas até Tóquio, depois metrô, duas horas, depois ônibus para Nagoya, seis horas, depois trem pra casa, duas horas... Mas a viagem foi o máximo!! Bom, também tava nevando muito agora no finalzinho, mas eu aproveitei muuuuito. Já postei algumas coisas aí embaixo, separado, pra ficar mais fácil. Daqui até o fim da semana talvez eu termine de postar tudo. É que é muiiita coisa né, muita novidade. bem aí em cima você spodem ver algumas fotos de Varsóvia, e uma foto da família da Monika. Essa última foto eu estou em um lago, perto da casa ca Monika. Nessa época do ano o lago congela, e nesse dia tinha até neguinho andando de kart no lago... Aí também perto da casa da Monika tem umas trincheiras da Primeira Guerra, eu tirei fotos mas coloco depois, bem bacana. Varsóvia é muito bacana, apesar de ter sido 98% destruída pelos nazistas. Mas é uma história longa, amanhã eu conto, por enquanto fiquem com esses posts aí embaixo, beijos, David

Oświęcim







Oświęcim é o verdadeiro nome de Auschwitz. É a maneira dos alemães prinunciarem um nome que se pronuncia mais ou menos assim: oschvientin. é um lugar triste. Era um campo de morte onde morreram mais de um milhão, quase todos judeus, na grande maioria poloneses (dos seis milhões de judeus mortos na segunda guerra, 3 milhões eram poloneses) É um lugar que se deve ir, para aprender e para pensar. Não há grandes lojas por lá, não há bons restaurantes. No inverno é muito frio. Mas é um lugar onde a gente ver como gente pode ser cruel. O portão de Auschwitz traz a famosa frase que diz que o trabalho liberta. Era mais uma das mentiras nazistas. Aquele trabalho não libertava. Só trazia sofrimento e morte. Eu não sei bem como definir Auschwitz. Talvez seja um tapa na cara. Um tapa na cara da humanidade, que se acha tão moderna, tão culta tão superior.

Cracóvia


















Bem, a Cracóvia em um desses lugares que a gente deve conhecer. A comida é boa, as coisas são baratas e, ao contrário da capital Varsóvia, trata-se de uma cidade polonesa que sobreviveu a guera. Cracóvia fica a uma hora de viagem da cidade de Oswiecim onde ficam os campos da morte de Hitler. A Cracóvia era a antiga capital da Polônia, até 1500 e bolinha, então para quem gosta de castelos, museus e coisas do gênero, é o lugar certo. E é claro que foi aqui tamb;em, no meio dessa coisa toda, que eu encontrei um restaurante brasileiro!! Se eu comi lá? Claro, que não!!
















Não que a comida fosse ruim, não sei. mas tenho bastante tempo para comer comida brasileira quando voltar para as terras tupiniquins né? Bem, na Cracóvia também eu tive a oportunidade de praticar um hobby bizarro: visitar cemitérios antigos. E olha que esse era bem antigo, um cemitério judeu cuja a mais velha das tumbas era de 1543... Caracas, já fui em muito cemitério antigo, mas esse aí era beeeeemmmmm antigo!




Praga

Bem, eu sei que quando as pessoas viajam para a "Europa" elas tiram 500 fotos, 400 delas não muito interessantes ou úteis. Sei também que talvez poucos, muito poucos, tirem fotos de banheiros. Mas esse banheiro em Praga me chamou a atenção. É que bem no lugar do xixi, em todo a parede, há essas fotos gigantes com mulheres olhando pra gente - sim, se você for homem sabe o que eu quero dizer com "a gente". Na foto, uma tá tirando uma foto, outra tá fazendo uma cara de quem tá interessada e a terceira tá com uma régua...


Bom, mas eu também tirei fotos normais né! Praga, ao contrário de Varsóvia, não foi bombardeada, ela foi poupada por Hitler, muito porque já em Março de 39 ele tinha conseguido desestruturar toda a região ao invador os sudetos e deixar os eslovacos se separarem dos Tchecos. Bem, o resultado é uma cidade que ainda preserva muito do seu esplendor medieval - a república tcheca também saiu incólume da peste negra, o que fez com que Praga se tornasse uma das cidades mais importantes do mundo a partir do século XIV. Abaixo, seguem algumas fotos, duas delas tiradas da famose ponte do rei Carlos, construida em 1300 e bolinha, no esplendor de Praga. Mas meu conselho para você que sonha em passar o reveillon na Europa é, vai não... Muita gente, muito frio... Em Praga mal dava para se mexer, mas com dois graus negativos tinha de se mexer ou morrer congelado... Deixa a Europa para o verão, no fim do ano vai pra Ubatuba mesmo!




A Comida

Então, da maneira como eu entendo o turismo, não se pode, não é concebível, não é normal se viajar de dieta. Quando em Roma, coma como os romanos, é meu lema. Tudo bem que nessa viagem esse lema me custou 5 quilos, mas é a vida.. Beja, no Japão a comida é cara, e não é tão boa assim. Uma coisa é jantar em um restaurante japonês de quando em vez, e dizer que adora comida japonesa, outra coisa é comer essa nhaca por um ano e meio. Então a minha primeira providência ao chegar em terras polacas foi...comer! Aí ao lado o meu primeiro prato em terras polacas. Na Polônia, principalmente agora no inverno, sempre se toma uma sopa antes do prato principal, e a mais tradicional de todas é essa aí, czerwoy barszc, bom, pra descomplicar, sopa a base de beterrabas com pirogi, essa espécie de capelete que se pode comer de todas as formas na Polônia. Esse aí é com carne de porco, e vai na sopa junto com um cheiro verde, mas esse aqui de baixo por exemplo é recheado com ricota e framboesas, esse eu comi em um boteco qualquer de Cracóvia, além do recheio de ricota e framboesas, o molho é uma espécie de yorgute com açúcar, pode acreditar, muito bom...

Mas nem só de Pirogi vive o homem, e naquela região toda a carne também é bastante apreciada, principalmente na forma do famoso salsichão duplo sentido, e como espeto grelhado. Eu que não comia uma boa carne há muuuito tempo, mandei ver nos dois logo de uma vez, regado a muita mustarda e pão, que na Polônia se encontra de todos os tipos e sabores. Mas foi comida de mais, tive de jogar fora uma parte. Do pão, não da carne né!! Bem, no trem para Praga, já se pode saborear uma das melhores coisas da República Tcheca: a cerveja. O detalhe é que a cerveja lá é mais barata do que água mineral... Então se você quer me perguntar se a república Tcheca é um bom lugar, pense, lá as mulheres são maravilhosas e a cerveja é mais barata do que água. E aí, já sabe a resposta?

















No que diz respeito as sobremesas, bem, essa é a especialidade do povo por aquelas bandas, Aí nas fotos vocês podem ver chocolate quente, cheese cakes do mais variadas e torta de maçã, o orgulho nacional. De tudo que foi provado, o que ficou no meu coração no entanto foi esse cheese cake ao lado, com morango e amoras...

Bem, os apreciadores da boa comida sabem que nenhuma viagem de turismo gastronômico é completa se não houver aquela comida do pé de chão, aquele PF básico. Sim, há de se provar a comida popular, sem conhecer o PF de um povo, não se pode lhe conhecer a alma! Assim, vocês tem aí duas fotos. Uma é da seção de frios do supermercado, onde eu comprei uma ou outra coisa que foi contrabandiada para o Japão e agora repousa em minha geladeira. A outra é a de um PF básico em um boteco de Praga , com coxa e sobrecoxa de frango, pure de batatas e picles, regado a Stella Artoir. Tudo não passou de 10,oo real















Por fim, para se fazer uma vigem gastronômica completa, há de se comer um prato local feito por um local. foi aí que entrou o Bigos, prato local que o pai da Monika fez em simples dois dias. Primeiro misturou dois tipos de repolho com carne de porco, de deixou lareira, assim como vocês podem ver. Depois, no segundo dia, acrescentou ameixas e mais uns temperos locais, que eu desconheço. Por fim, vinho tinto. Acho que junto com o Pirogi, esse é um dos pratos mais típicos da Polônia, mas como com cuidado, já viu né, são dois tipos de repolho!

sábado, 3 de janeiro de 2009

2009 neh?


Boas. Bem, estou de volta a Varsovia, depois de passar o ano novo em Praga, na republica tcheca. Como voces podem imaginar ha muitas fotos e muitas coisas a contar, mas agora ando sem tempo para isso, amanha pegamos o voo de volta para o Japao, e dia 05 devemos chegar ao nosso destino. O que posso adiantar eh que tem tudo sido bem melhor do que eu esperava, mas quando eu chegar ao japao eu coloco todas as fotos e conto todos os causos. Por enquanto eh soh um feliz ano novo a todos, aqui en varsovia hoje faz um lindo dia, apesar da tempratura menos 10. entao doa 05 0u 06 voces podem voltar por aqui novamente que ai eu posso contar tudo como foi, do inicio ao fim, tim tim por tim tim. Besos, David. Ah, ainda esse no nos vemos!