quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A estranha história de Maruge Button


Boas. Outro dia falei aqui de uns filmes que vi, inclusive aquele de estranho título the strange blá blá Benjamin Button, com o Brad Pitt. Bem, o filme trata de uma temática cara a todos nós, mais de uma vez eu ouvi, e você também deve ter ouvido, como seria bom se, ao invés de irmos ficando mais velhos fóssemos remoçando, assim teríamos mais para o fim da vida tempo e juventude para fazer tudo o que não tivemos oportunidade de fazer antes, por falta de tempo, e que não poderemos fazer na velhice, por falta do vigor da juventude. Bem, o filme mostra a vida de Benjamim Button que, nasceu velho e foi rejuvenescendo. Meu assunto hoje não é bem esse filme mas sim um outro filme, e uma outra vida, a vida de um Keniano chamado Kimani Ng'ang'a Maruge, uma espécie de Benjamim Button da vida real.
Maruge nasceu em 1920, e como a maioria dos africanos tem uma vida marcada por lutas e tragédias. Ajudou a expulsar os ingleses em 1950, foi torturado, perdeu filhos, esposa mas seguiu vivendo. Em 2003 Maruge ficou sabendo que o governo do Kenya resolveu tornar a educação básica, de primeira a quarta série, gratuita. Assim ele, com 83 anos, pensou que seu velho sonho poderia finalmente se realizar, e resolveu se matricular na escola. Bem, a vida não é fácil assim, a diretora disse que ele não poderia se matricular, era uma escola para crianças que tinham cadernos, livros, uniformes, ele já tinha passado um pouco da idade. Maruge voltou no dia seguinte com um saco de pano com dois cadernos velhos e três lápis. Ele também tinha cortado a sua única calça para se adequar ao padrão de uniforme da escola. A diretora, diante da obstinação do aluno, nada pode fazer, e deixou Maruge assistir as aulas.
Sim, as crianças tiveram medo, chamavam-no de velho doido, sim, os pais se revoltaram e não queriam que aquele velho "insano e demente" desvirtuasse seus filhos, mas Maruge não se abalou. Ele acabou chamando a atenção do mundo, e as autoridades locais não puderam impedi-lo de ir as aulas. Mas é claro que o governo, como sempre fazem os governos, tentou dificultar e punir, e como não podiam tocar em Maruge transferiram a diretora que o aceitou na escola para uma outra localidade, bem distante de sua tribo. Maruge, que é além de aluno um criador de ovelhas, vendou duas de suas ovelhas para ir até Nairóbi e pedir a volta da diretora. Mais uma vez com a atenção de Ongs e redes de televisão, as autoridades não puderam negar.
Maruge se adaptou bem, as crianças se habituram com ele e até o elegeram representante dos alunos da escola. Ele já está na sexta série. Maruge entrou para o livro dos recordes como o estudante mais velho do mundo, se bem que quando a gente vê a foto dele assim, sentado em sua escola e aprendendo, a gente tem a impressão de que só o corpo é mesmo de um ancião, a mente é de um jovem, talvez ele seja mesmo o verdadeiro Benjamim Button, e assim, remoçado e obstinado, ele nos faz ver que nunca devemos perder uma oportunidade de aprender. E se você quiser assistir a um breve documentário (12 min.) em inglês sobre a vida de Maruge é só clicar aqui

6 comentários:

Pri disse...

Legal...aqui no Brasil vemos um pouco disso na educação de jovens e adultos...Aí acredito que a educação cumpre o seu real valor...pq o governo não tem mais expectativas com esses alunos!

Unknown disse...

TIO,PASSEI PRA DEIXAR UM BEIJO.

FLÁVIO NOGUEIRA disse...

Oi primo, gostei do que escreveu, hhehe, acho q esse é o verdadeiro. Bem, quanto ao tema de baixo, acho que nao foi sorte, acho q vc seria um bom diplomata, representaria bem o Brasil, pois escreve bem, tem a cara de nosso povo, várias raças em um, hehehehe, inteligente, e mudaria o aspecto de só existir diplomata vi...,
abraços e fica com Deus.

Elienai Allebrandt disse...

David, muito legal esta história, que bom conhecê-la e melhor ainda é saber e conhecer de perto a história do meu pai, que aos 18 anos foi cursar a 6a série, sem falar português e ainda deficiente físico (sem o braço direito), teve que estudar com as crianças e vencer muito preconceito, isto a uns 45 anos atrás, imagino que não foi fácil e agora reconheço e constato quantas batalhas e vitórias ele já passou na vida, que bom que nunca desistiu.
bjs

Priscila L M Borges disse...

Uma história incrível.

Priscila L M Borges disse...

Uma história incrível.