sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – terceira parte
























































(FOTOS: Primeira foto, povo da faculdade - ,Andrea, eu, Graziela, Clara, Tião e Vivis. foto 2; Jiban, meu cachorrinho, fiel escudeiro, protagonista de inúmeras histórias que não pude colocar aqui, foto 3 Sílvio, eu, frog boy e Feu, aniverário do Feu, fotos 4 e 5 presente de aniversário do Léo - volta por Campinas com cueca na cabeça, lavagem grátis do flanelinha e passeio do caminhão de lixo foto 6, povo da fauldade de novo, foto 7, Gisela e Raíssa no casamento da Gisela.)


O meu terceiro ano foi o período mais triste da minha vida escolar. A minha “gang”foi diluída entre as outras 15 turmas de 3o ano e eu acabei sobrando sozinho com minha querida amiga Márcia em uma de nerds. O resultado não poderia ser outro, eu ia bombar o terceiro ano. Meus pais já temerosos de ter dado a luz a um retardado que estava prestes a bombar pela segunda vez, me mandaram terminar meus dias de estudante, no CETEB. É claro que não fui sozinho, fui com Tampinha, Pitt, Xambinho, Ruth, enfim, fomos todos.
Por essas e outras, eu não podia fazer o vestibular da UNB. Acho que eu perdi a data de inscrição, ou coisa do tipo. Tentando evitar que minha mãe morresse de desilusão, me inscrevi no único vestibular público para o qual havia tempo hábil – Unicamp. Mesmo com o meu background negativo de estudante, eu havia resolvido que não ia pagar pra fazer história. Mas a Unicamp era um pouco demais. Vestibular em duas fases, subjetivo, era considerado o mais difícil do país. Não só isso, na primeira fase todos os alunos, independentemente do curso, teriam de conseguir fazer pelo menos a metade dos pontos. Eu que nunca tinha conseguido fazer metade dos pontos em nenhuma prova do sapão em todo o segundo grau, jamais conseguiria em uma prova da Unicamp. Pelo menos era o que todos pensavam.
Eu fiz a prova com a calma dos franco-atiradores. Quando o resultado da primeira fase saiu, eu fui celebrado como um herói, havia sido aprovado. O discurso de todos no entanto era mais ou menos assim, puxa, você passou na primeira fase, olha, parabéns, já foi bastante, você já deve se considerar um vencedor, aconteça o que acontecer agora…ou seja, ninguém levava fé que a segunda fase pudesse ser vencida. Eu achei que já que tinha passado na primeira, ia passar logo na segunda, porque já tava meio de saco cheio das pessoas pensarem que eu tinha alguma espécie de retardamento mental.
Quando o resultado da segunda fase saiu, eu estava em viagem, com um grupo de amigos. Sabe como é adolescente, eu nem sabia que dia o resultado ia sair, nem o que deveria fazer, mas sabe como é mãe, acho que ela era a única que achava que talvez fosse possível, bem, ela tava de olho, viu meu nome no jornal, conseguiu achar a pousada que eu estava hospedado em Cabo Frio e me deu a notícia. Era um domingo, e a notícia era mais ou menos assim, “você passou no vestibular, a matrícula é na segunda.” Foi a melhor wake up call que já recebi na minha vida, até agora.
Sabe, eu acho que deveria ser proíbido o sujeito fazer faculdade no mesmo estado em que mora. É tão bom morar em república. Você aprende sobre a vida até mais do que se aprende sobre aquilo que você estuda na faculdade. Lembro-me por exemplo de falar com minha mãe ao telefone certa vez, depois de uns sete ou oito meses que já morava em campinas, e minha mãe perguntando, “meu filho, tá trocando a roupa de cama?” foi aí que eu aprendi que roupa de cama se troca. Não é só isso, você aprende que louça não é auto-limpante, que copo sujo dá mais cria do que coelho, e outras coisinhas mais.
No aspecto sentimental, eu como sempre, me dei mal. Se existe uma época da vida em que você não deve ter uma namorada, é durante a faculdade. Pois eu, que nunca conseguia, fui conseguir uma justamente nos primeiros meses de vida em Campinas. Bom, é claro que a coisa não foi tão fácil assim. É claro que minha marca característica, a falta de jeito, estava lá. Existia essa menina na igreja que eu freqüentava (dane-se a reforma ortográfica), que nunca tinha namorado, tinha a fama de ser difícil, já tinha dado o toco em todo mundo. Ora, eu que comecei a levar tocos já aos sete anos de idade, não me preocupava muito com isso. Segundo, um bom levador de toco sempre investe nas mais difíceis, porque assim o toco é menos dolorido, o que não pode é levar toco de brucutu. Assim sendo, convidei-a para um cineminha, coisa e tal, e eu sem saber direito o que fazer. Então na saída, já dentro do carro eu pensei. “tenho de pensar em algo inteligente pra falar logo, senão já era” e aí eu saí com a clássica “então, quer namorar comigo?” hehehe, eu acho que eu fui a última pessoa do século 21 a falar isso, mas enfim. Ela disse “não, quer dizer, talvez, não sei” e aí começou a falar um monte de coisas que eu não consegui entender. Levei-a pra casa, e antes dela sair do carro, perguntei só pra confirmar “mas então, você disse mesmo foi sim ou não?” hehehhe, tinha sido sim. É que mulher é coisa complicada…
Na faculdade a nossa turma era grande, e do nosso grupinho, só uma pessoa era de Campinas, a Gisela. Gisela Pizzatto é uma pessoa a quem eu devo muito, mas muito mesmo. Ela copiava a matéria do quadro pra mim, (sim, eu tinha preguiça de copiar) ela assinava as listas de presenças das aulas que eu passava na cantina e o mais importante, eu filei inúmeras bóias na casa de Giselinha, contando com a hospitalidade de dona Teca e companhia, tudo o que eu tinha de fazer era tocar um pouco de hey jude e let it be em um piano que eles tinham lá e ninguém tocava. Além de Gisela, Tião, Joel, Raíssa, Andrea, Cintía, vivis, e tantos outros faziam parte do nosso círculo de amizades mais próximo. Eu, Gizeggs, Tião, Joel e Andrea e Raíssa sempre trabalhávamos em grupo, quando havia trabalhos de grupo a se fazer. O mais memorável foi um seminário sobre o livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Não lemos o livro, e no dia do seminário resolvemos nos juntar umas horas antes pra tentar inventar alguma coisa. A reunião foi na minha casa, e alguém achou uma fita de um filme em que o Arnold Schwaznegger ficava grávido, acho que o título era “júnior” e resolvemos assitir ao invés de preparar o seminário.
Na república, morávamos eu, Frog, Júnior, Denílson, Léo, gasparzinho, Feu, Silvinho e Frog Boy. Todos morando longe de casa, sentíamos muitas saudades de nossas famílias. Por isso mesmo de quando em quando fazíamos coisas como a nossa versão do amigo secreto, o ‘inimigo secreto.” No inimigo secreto, você tinha de sacanear, secretamente, a pessoa que você tirou por uma semana. O frog tinha uma televisão no quarto, e seu inimigo secreto desmontou a televisão e colocou um despertador lá dentro para despertar as 4 da madrugada. O frog, que era super fresco e acordava com qualquer coisa, quase morreu. Eu tinha um jipe, e um dia de manhã eu tava indo pra Unicamp e percebi que todo mundo olhava pra mim. Quando cheguei na Unicamp vi que na grade da frente do Jipe tinha uma cueca gigante amarrada.
Quando eu entrei na faculdade queria ser arqueólogo. Fui a uma expedição arqueológica, e não gostei muito. A última coisa que eu queria era ser professor, porque como todo mundo sabe ser professor significa uma vida de probreza. Uma vez, em uma aula de história dos Estados Unidos, fiquei responsável por apresentar um seminário sobre um livro de Martin Luther King, chamado “why can’t we wait”. Eu gostei do livro, e apresentei um baita de um seminário, que me rendeu um 10,00. Quando eu estava na cantina comemorando meu sucesso acadêmico com meus colegas, a professora passou por mim e disse “seu seminário foi muito bom, você comunica muito bem, você tem de ser professor.” Esse foi o ponto de virada pra mim, quando eu realmente comecei a pensar no assunto. Hoje, cá estou, professor.
Sabe, haveria tantas coisas mais pra contar, mas sei que o post já tá longo demais, e que talvez ninguém tenha conseguido chegar até aqui sem pular grandes parágrafos. Então para terminar essa trilogia, eu só queria dizer que falei assim por cima da minha vida de estudante, pra vocês entenderem porque eu quis ser professor. Na escola eu passei os dias mais felizes da minha vida, na escola eu me apaixonei, levei tocos, fui CDF, fui vagabundo e sobretudo, fiz amigos, muitos e bons, e verdadeiros amigos. Acho que ser professor foi um jeito de voltar a viver a vida de escola, mesmo velho. E é gratificante, porque eu vejo meus alunos passando por tudo que passei, vejo alunos apaixonados, vejos outros chorando pelos cantos chorando os amores contrariados, vejos alunos revoltados com o sistema, vejo alunos estudando como loucos para passar em uma boa universidade, e aí eu me vejo um pouquinho, em cada um deles. E vendo esse blog, me dou conta de que isso nada mais é do que as minhas memórias de estudante de agora, uma quarta parte, que estou escrevendo aos poucos.

Respondendo:

Ruth, Beijis priminha, fiel companheira estudantil love u 2 chuchu!

Kobelus: pior que eu lembro da gente tocando no batista!

Diego: Fotos do jipe eu tenho, do peru de pet shop não... Um abraço!

Sarah: Pois é, bons tempos em que nas provas tudo o qeu precisávamos era de uma guria bonita!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – Segunda parte































































(LEGENDAS DAS FOTOS: FOTO 1, EU, EDINHO, O BEDEL INTELECTUAL QUE HOJE É PROFESSOR DE HISTÓRIA DA FUNDAÇãO, TAMPINHA E SEU ABADÁ, PITT DE BONÉ PORQUE JÁ ESTAVA FICANDO CARECA, FELIPE "GONZÁLEZ" VESTIDO DE GRUNGE E O CABELO DO XAMBINHO, FOTOS 2 E 3 - MATANDO AULA NO PARQUE DA CIDADE, QUE NA ÉPOCA AINDA SE CHAMAVA ROGÉRIO PITON FARIAS - DETALHE, SE VOCÊ AMPLIAR A FOTO EM QUE ESTAMOS NO BALANÇO VERÁ QUE O PITT JÁ TINHA TENDÊNCIAS HOMOSSEXUAIS - FOTO 4 XORXE MALCHER COM SUA CAMISA PELA SOLIDARIEDADE, FOTO 5, PIT BULL - COM MACACãO E UMA DE SUAS CAMISAS SEMPRE COM MENSAGENS EDUCATIVAS, RIBEIRO, PROFESSOR DE MATEMÁTICA QUE ME DEU 0,5 POR TOCAR ASA BRANCA, TAMPINHA, COMO SEMPRE VESTIDO COMO SE TIVESSE SAÍDO DE UMA MICARÊ, FELIPE GONZÁLEZ, VESTIDO DE KURT KOBAIN E XAMBINHO, DE QUEM SÓ SE PODE VER A CARA PORQUE ERA MUITO TÍMIDO,FOTO 6, RUTH, EU, O BEDEL, FELIPE E MAIS UMA VEZ, SÓ O ROSTO ESCONDIDO DO XAMBINHO, FOTO 7, EU, TAMPINHA E AGORA SIM, XAMBINHO POR INTEIRO)



Bem, no último post eu falava de minha experiência terrorista com o GRULE. O caso é que quando eu estava no primeiro ano do segundo grau, umas bombas começaram a estourar na escola. Eu e meus comparsas não tínhamos coragem para estourar bombas, mas tivemos a idéia de assumir os “atentados” e tentar lucrar alguma coisa com eles. Eu, Paulista, Klebinho, Nirvana, Xambinho e Pit-bull fomos, em uma ensolarada tarde de sábado, até a casa de Paulista, na QI 09 do Lago norte, onde escrevemos a nossa carta demanda. Passamos a tarde toda recortando jornais e revistas para escrever uma carta como aquelas que a gente vê nos filmes, com as letrinhas recortadas de jornais. Dizíamos na carta que éramos o GRULE “grupo de libertação estudantil” e que tínhamos algumas demandas. Não me lembro bem agora quais eram as demandas, mais eram coisas simples, tipo um intervalo maior e a contratação de professoras mais gostosas, enfim, coisas relevantes para o processo educativo. O mais complicado foi colocar a carta na sala da direção, uma verdadeira operação de guerra. O fato é que uma semana depois o “diretor disciplinar” entrou na sala com um cara que ele apresentou como delegado da polícia civil, que estava investigando o episódio das bombas. Não sei se o cara era policial mesmo ou se era um zé ruela qualquer, o fato é que eu e meus bravos comparsas nos cagamos de medo e foi o fim do GRULE.
No primeiro ano passei também por uma experiência que todo adolescente passa – a formação de uma banda de rock. A nossa banda era muito promissora, tinha uma música só, mas era um hit, desses que a gente ouve e não sai mais da cabeça da gente. A letra também era profunda, dessas que chamam a uma reflexão mais cuidadosa sobre a vida e o sentido das coisas. O nome da música era “obrigado, de nada.” E a letra era “obrigado, de nada, obrigado, de nada, obrigado, de nada” mas é claro que essa frase ia se repetindo com uma progressão melódica e modulações que são impossíveis de serem reproduzidas no simples espaço de um blog. Lembro-me quando fizemos nosso primeiro e único ensaio, eu, vovô e o Teddy. Foi na casa do vôvô. Tocamos nossa melodia até a exaustão. Foi muito bonito. O espanto ficou para a hora da saída, quando eu dei de cara na sala com uma reunião de politicos, entre eles Ulisses Guimarães. É que o pai do vôvô era deputado na época, o hoje ministro Nélson Jobim, e naquela época ele era o cara que estava escrevendo o relatório (ou um deles) sobre o impeachment do Collor. Naquela reunião eles estavam consturando os detalhes finais para o impeachment, com uma trilha Sonora privilegiada, “obrigado de nada.” Tenho certeza de que isso foi determinante para que eles resolvessem mandar o Collor passear, devem ter pensado, “olha o que o Collor está fazendo com nossa juvemtude.”. Enfim, apesar de uma história breve, é bom saber que nossa banda teve uma participação tão fundamental na história da República. A banda teve de acabar, para azar do rock nacional, quando o vocalista Pit foi fazer intercâmbio nos U.S.A. Fosse hoje, com internet e tudo, isso significaria nossa carreira internacional, mas naquela época era o fim mesmo. A minha vida no primeiro ano do segundo grau foi indo sem atropelos. O hevy metal mesmo foi o segundo ano.
No segundo ano eu já estava mais confiante do meu espaço. Já conhecia a escola, já era amigo dos professores, sabia como tratar as coordenadoras, aquela coisa toda. Foi no segundo ano que eu descobri que tinha talento para ser roteirista. Meu amigo Felipe desenhava e eu escrevia as historinhas, quase sempre tendo professores e colegas da sala como protagonistas. As histórias eram um sucesso de público, e começamos a colocá-las ilegalmente nos murais da escola, que eram protegidos por um vidro, no fim do intervalo. Assim, a galera parava para ler as histórias, e como ninguém voltava do intervalo, as aulas atrasavam em quase dez minutos.
Nós não éramos os únicos a fazer historinhas, nossos amigos de outras salas também faziam. Isso era o mais legal da escola, apesar de existirem uns 15 segundos anos, nós nos conhecíamos e éramos amigos. O Diego mesmo que já andou comentando neste blog era de outra sala. Também eram O Breno e o Bruno, dupla de gêmeos que desenhavam muito bem. Tinha também Xorxinho Malcher, uma lenda viva que entre outras coisas causou um blackout na escola ao enfiar uma caneta bic em uma tomada. Jorge, Breno e Bruno também faziam suas historinhas, e colocavam ilegalmente no mural. Era bom, mas infelizmente nos descobriraram e ameaçaram - éramos sucesso de público, mas não de crítica - e mais uma vez a escola acabou com uma carreira promissora. Nessa época também eu comecei a tocar gaita, e resolvi lucrar com isso. Sabia que o professor de matemática era um capiau de mão cheia, então enquanto ele passava as notas da prova para o diário, eu toquei “asa branca” em sua homenagem. Lucrei meio ponto a mais na prova, o que para mim era bastante naquela época. Mas sempre perseguido e injustiçado, fui forçado pela direção a mudar de lugar, sair do fundão que eu tanto amava, e sentar na primeira fileira. Lá fui eu, para a primeira fileira, perto da porta, onde ficava de lado para a sala e para o professor. Ali eu me comunicava com o fundão através de mensagens no caderno, quando o professor se virava. Ali um dia eu caí no sono durante uma aula de história, e meus amigos, ao invés de me acordarem, colocaram um placa em minha carteira “uma esmola por favor,” um chapéu e várias moedas.
Naquela época nós éramos um pouco a frente do nosso tempo, e já éramos todos adeptos da geração saúde. Combinamos de fazer uma vitamina – durante a aula de inglês. As meninas trouxeram as frutas, os caras leite, alguém trouxe o liquidificador. Fomos cortando as frutas durante a aula, o professor reclamava de um “cheiro de feira” mas não sabia bem o que era. De repente, no meio da declinação do verbo to be, liga-se o liqüidificador, o barulho é inevitável, o professor vai até o fundo da sala para entender o que afinal está acontecendo, e quando é presenteado com o primeiro copo de vitamina, não tem coragem de nos repreender…
No segundo grau eu novamente me apaixonei pela menina mais bonita da sala. Só que dessa vez, já cansado de tantos tocos anteriores, resolvi me calar. Foi trágico. Aliás, como vocês já perceberam, todas as minhas paixões de tempo de escola foram não correspondidas. EU me lembro uma viagem que a gente fez para 3 Marias, e no ônibus eu voltei bem do ladinho da minha paixão secreta. Eu não tinha a minima idéia do que fazer ou dizer, e comecei a sentir palpitações, achei que fosse ter um ataque cardíaco ali no ônibus mesmo. Levantei-me pra pear um copo de água, e quando voltei já tinha obviamente um mané sentado do lado dela batendo o maior papo. Dez minutos depois eles já não estavam mais batendo papo nenhum, tavam se pegando mesmo. Eu quase quis me jogar do ônibus. A desolação foi tão grande que foi nessa época que comecei a escrever um livro de poesias. Já que eu não conseguia ficar com nenhuma menina mesmo, ia passar o tempo escrevendo sobre elas. Acho que eu consegui escrever o pior livro de poesias de todos os tempos, cujo o título era “REPOUSO” ou “Restos Poéticos de Um Sonhador.” Hehehehehehe. Como todo jovem apaixonado escrevi letras de música e poesias em todos os cantos, inclusive nas paredes de meu quarto. Mas eu não era o único apaixonado, é claro. Na escola todo mundo tá sempre apaixonado por alguém. O Xambinho amava a popô, O Pit tinha uma paixão alucinante pela Carol, A Lina se apaixonou pelo Ancelmo, professor de química, o tampinha gostou da Marcinha e a Marcinha tinha um namorado que fazia faculdade, o que para um aluno do segundo ano equivalia mais ou menos a namorar o Brad Pitt. Mas o fato de termos garotas bonitas na sala era muito bom para nós. Naquela época não havia essa frescurada de uniformes, e antes da prova de matemática as gurias vinham com roupas, digamos assim, menos caretas, e aí, com o livro em mãos, iam até o professor, que apelidamos de “sapão”, e perguntavam que exercícios deveriam estudar para irem bem na prova. Sapão entregava todas as questões da prova, as meninas passavam pra gente, e o povo ia bem.
No segundo ano eu não fiquei de recuperação em nenhuma matéria, mas tenho de confessar, não por méritos próprios. Na verdade no segundo ano foi quando eu menos estudei, porque resolvi que queria ser arqueólogo. Então teria de fazer história. A melhor coisa do mundo para um estudante é decidir cedo o que quer. Eu, quando decidi que queria história, parei de estudar. O vestibular não ia ser desumano como o do pessoal da medicina. Nos primeiro e quarto bimestres as provas eram todas “de marcar x” e bem, eu caí na sala de provas de uma amiga minha de sala, a Carol, que também era bastante CDF, e bem, eu calhei de sentar bem atrás da Carol, e, enfim, o resultado foi que eu tirava dez e 9,5 em todas as matérias nos bimestres pares, e ia mal nos ímpares, de provas subjetivas, mas quando se somava e dividia tudo, lá estava eu, aprovado. Sabe, o que se passou naquele ano dava pra encher um livro. Eu nem falei da gincana que quase ganhamos, entre outras coisas, desfilando com um Peru vivo, ou de quando para minha surpresa fui sorteado para uma viagem em um sorteio em que eu não estava participando, mas não vou mais tomar o tempo de vocês com essas memórias longas. Amanhã eu termino com os tempos de faculdade. Ah, os tempos de faculdade…
Post de hoje dedicado a todos esses de quem falei aqui, e a tantos outros amigos que por falta de espaço não pude mencionar. Porque o bom mesmo da escola são os amigos que fazemos.


Respondendo:

Bom, primeiro eu preciso corrigir uma injustiça, fiquei sabendo hoje que minha outra prima, a Chris, também contribuiu para o pacote doce que chegou aqui, então OBRIGADO CHRIS!

Sarah: POis é, o caso do liquidificador tá aí.

Kobelus: A minha célebre frase também está aí!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Memórias de um estudante – Primeira parte













(FOTO: Eu, quando do início de minha carreira estudantil)

Sabe, neste blog eu tenho escrito muito sobre minha vida como professor. As pessoas sempre perguntam porque eu quis ser professor, e acho que para responder isso você precisa conhecer minha um pouco sobre minha vida de estudante. Então hoje vai, senta que lá vem história…
A minha primeira recordação estudantil é de um furto que realizei no pré-primário. Não sei porque cargas d’agua eu invoquei com uma roda de Madeira azul, e resolvi levá-la pra casa. Consegui esconder bem da professora, mas não muito bem de minha mãe, que sacou logo que cheguei em casa que eu estava escondendo algo. No outro dia eu tive de me deparar com a vergonha de devolver o objeto furtado…
Na primeira série eu percebi que não era muito bom com as mulheres… Apaixonei-me pela menina mais bonita da sala. Bem, eu sou o mais novo da minha família, e todos os meus irmãos são pelo menos dez anos mais velhos que eu. Eles que tinham entre seus dezessete e vinte e poucos anos, resolveram aproveitar a chance para me zoar. Minhas irmãs me compraram um lindo buquê de flores para que eu desse para minha amada. Dei o buquê e levei o meu primeiro toco, o que deixou meus irmãos bastante felizes com a oprtunidade de me sacanear.
Resolvi que o negócio era investir em garotas mais maduras, e na segunda série me apaixonei pela tia Maristela. Ah, a tia Maristela era Linda. Dessa vez eu não fui o único a se apaixonar, meus três irmãos mais velhos foram junto. Pela primeira vez eles brigavam para ver quem ia me deixar e buscar na escola… Infelizmente com a tia Maristela também não deu certo, sabe como é, a diferença de idades era grande, e aí está a Susana Vieira que não me deixa mentir, é difícil esse relacionamento de mulheres mais velhas com homens mais novos.
Na terceira série eu me mudei com os meus pais para o interior do Piauí. Ali eu comecei a minha carreira de nerd, que não foi muito longa. fui o primeiro aluno da turma só até a quinta série. Ali também eu “saí na porrada” pela primeira e única vez na minha vida. Foi na quarta série.
Tinha um guri na escola, Setembrino era o nome dele, que já havia reprovado a quarta série umas 3 vezes, logo ele era muito maior do que todos nós. Ele se aproveitava disso pra intimidar a galera. Um dia eu cheguei na sala e ele estava implicando com um amigo meu. Aí eu fui tomar as dores. Veja, se você estiver na quarta série, e existir um colegiuinha de turma que deveria estar na sétima mas ainda está na quarta, e se esse coleguinha de turma estiver implicando com um outro coleguinha seu, não tome as dores de seu coleguinha. Cada um no seu quadrado. Eu não me lembro bem da briga, mas sei que o Setembrino não teve muito tempo pra me bater direito, o que foi um alívio. Mas ele jurou me pegar lá fora… Se você é estudante de uma pequena cidade do interior do Piauí, hum, as chances dele realmente te encontrar lá fora são grandes… Passei uma semana trancado dentro de casa, com medo de encontrar Setembrino. Graças a Deus depois de uma semana a raiva de Setembrino se tornou menor, e nós podemos voltar a ser todos amigos novamente.
Na quinta série eu voltei a me apaixonar por uma mulher mais velha, no caso pela coordenadora, tia Hélvia. Mas pelos motivos já expostos acima, resolvi não investir na relação.
Depois de volta a Brasília, já na sexta série, coneheci o que era a marginalidade acadêmica. Mas não foi culpa minha. A culpa foi da professora de matemática. Uma bela noite, enquanto meus pais assistiam ao Jornal Nacional, eu quebrava a cabeça no tapete da sala com os problemas de matemática. Eu gostava de resolvê-los, e os fazia em uma folha separada, passando o resultado para o caderno. No outro dia, quando a professora foi conferir quem tinha feito o dever, disse que eu estava mentindo quando eu falei que o havia feito, disse que eu havia copiado as respostas. Aquilo foi até hoje a minha experiência pedagógica mais traumática. Eu não estava mentindo, e não entendia porque ela não acreditava em mim. Chorei muito. A partir daquele dia comecei a realmente copiar as respotas dos meus colegas, mas de um jeito que a professora não pudesse perceber. Nunca mais consegui ser bom em matemática. O cinismo da minha professora criou um monstro.
No colégio Dom Bosco me juntei a uma gang de poucos estudos, e vivi parte de meus dias estudantis mais felizes. Meu irmão dava aulas na mesma escola, então eu tinha bolsa integral. Isso não me impediu de na sexta série participar de uma paralisação por mensalidades mais baixas. Infelizente os padres me viram lá de cima, e chamaram a mim e a meu irmão na sala da direção. O padre disse “Maurício, mas o que é isso, seu irmão tem bolsa integral e tá participando da maniferstação por mensalidades mais baixas! Assim a gente vai ter de cortar a bolsa dele!” Meu irmão retrucou, enquanto eu cabisbaixo apenas ouvia “desculpa padre, ele é um animal, retardado, tem problema, nem sabe o que tá fazendo, ele não vai mas fazer isso mesmo, né animal?” era o poder econômico tolhindo a liberdade de expressão. Eu percebi que se quisesse me expressar livremente teria de ser rico, foi então que na sétima série eu bolei um plano para enriquecer, organizando bolões de aposta em jogos do campeonato brasileiro. Infelizmente minhas atividades foram suspensas quando minha prima, que também estudava na mesma escola, denunciou minhas atividades marginais para minha mãe. Mas eu era feliz. A felicidade só acabou quando na oitava série, depois de várias tentativas, eu finalmente consegui reprovar de ano. A vergonha só não foi maior porque minha prima, fiel escudeira, reprovou também. A gente trabalhava junto, escondendo boletins, falsificando assinaturas em provas, nada mais justo que reprovássemos juntos também. A minha vergonha só foi aconteceu mesmo quando minha mãe foi renovar minha matrícula e a escola informou que eu estava sendo convidado a me retirar da escola…
Mas nem tudo estava perdido, fui para o Maurício Salles de Mello. Lá estudei exatos três dias, e meu pai, receoso de algumas amizades que eu já tinha, resolveu me mudar para um colégio de freiras. Maria Auxiliadora. Lembro-me como se fosse hoje, 32 mulheres e 8 homens. Era o paraíso. Mas é claro que eu ainda continuava sem nenhum talento para conquistar o sexo oposto, e lá tive de me contentar com mais alguns tocos bem dados. Mas só o fato de estar rodeado por tantas mulheres já me fazia mais feliz. Na minha especialização na oitava série eu era um gênio, porque já tinha visto tudo aquilo, então tive um ano acadêmico sem recuperações pela primeira vez desde a quinta série.
No primeiro ano do segundo grau eu fui para o Leonardo da Vinci. Minha primeira reação foi de medo, diante de materias desconhecidas como Física e química. Para as primeiras provas fiz algo, como diria o presidente Lula, “nunca antes feito na história da minha vida” e começava a estudar na quinta para as provas de sábado. O resultado foi que eu tirei 10,00 na primeira prova de física e 9,8 na primeira de biologia. Aí eu achei que o bixo não era tão feio assim e resolvi relaxar… Mas foi ali, no Leonardo da Vinci, que vivi os dias mais loucos da minha vida como estudante, incluindo aí a organização de um grupo terrorista estudantil, o “grupo de libertação estudantil” GRULE. Mas esse post já tá grande demais, então outro dia eu termino essas memórias de um estudante com a parte do segundo grau e da universidade.

Sobre parlamentares e guitarras





















Há coisas que só existem no Japão. Hoje eu tinha de apresentar um seminário sobre a minha pesquisa. Bem, depois de anos dando aula, falar em públicio não é bem a coisa que mais me tira o sono, mas falar em público em japonês requer sim um preparo especial. Eu ia falar sobre a educação no Brasil, e também um pouco sobre o Brasil em si, e me peguei precisando saber como falar parlamento em japonês. Em português e inglês, por razões que desconheço, chamamos o parlamento japonês de Dieta e Diet, mas por aqui eles não têm a mínima idéia do que é isso, então fui ao dicionário. Bem, no dicionário descobri que parlamento em japonês é gikai, mas isso não foi o que mas me chamou atenção. O que mais me chamou atenção no dicionário foi uma palavra logo abaixo, que achei por acaso, "bunkiozoku", cuja tradução é "membros do parlamento com interesse especial em educação."
Vejam, essa é mais uma das coisas que só existem no Japão. Aliás eu ando percebendo que que o lance da educação aqui é mais em relação ao ambiente do que escolas ou técnicas em especial. Tudo aqui tem de ter alguma coisa com educação, estudo, estudante, essas coisas. Em kyoto há várias ruas que têm nomes assim, tipo rua do estudante, rua do estudante tal, rua da sabedoria disso, essas coisas. Eu fico imaginando o dia em que a língua portuguesa vai ter uma palavra especial para "membros do parlamento com especial interesse em educação." Gostaria de viver para ver isso, mas sinceramente não acredito que isso vá acontecer. Por enquanto temos de nos contentar com o fato de que temos duas palavras para "membros do parlamento com especial interesse em dinheiro." As palavras são deputado e senador.
Outro dia tava andando na rua e vi essa guitarra rosa da kitty alguma coisa. Isso é outra coisa que só tem por aqui. É que eles têm o segundo mercado do mundo, e um gosto um pouco diferente. Então as principais marcas desenvolvem produtos exclusivamente para o público japonês. A caterpillar faz umas botas estranhas, a gap têm umas roupas bemmmmm diferentes, e até guitarras "kawai"que quer dizer "gracinhas" são produzidas... No caso aí a guitarra não é uma qualquer, é uma fender. Sim, para agradar aos japoneses a fender faz uma guitarra rosa, com o desenho da Kitty e tudo mais. É o poder da grana, que só tem quem também tem o poder da educação.

PS: Enquanto escrevia esse post recebi pelo correio uma caixa do Brasil contendo: 5oo gramas de café "sabor da fazenda" 500 gramas de doce de leite "real" e um pacote de paçoquinha mini. O irônico da coisa é que quando vi o fundo da caixa da paçoquinha me deparei com a descrição do produto em japonês! É aqule negócio, eles vendem carros pra gente e a gente paçoquinha pra eles! Mas essa caixa bem que chegou em boa hora... Remetentes? Sarah , Ruth e Samara R! Besos e arigatô!

PS2 Ruth, Samara e Sarah. No post acima havia escrito o nome e o segundo nome de todas vocês, mas resolvi que era muita ingratidão fazer isso com quem me presenteou com um pacote tão doce...


Respondendo:

Kobelus: é verdade, você tá livre do grupo dos pidões.

Rafael: É, você também está livre....

Larissa: Bom, você foi a primeira pedinte, mas é verdade que também é uma das comentaristas mais constantes!

Sobre feriados








































Boas. Andei sumido, eu sei. É que foi feriado. Aliás eu deixo aqui registrada minha opinião para que o governo brasileiro se inspire um pouco naquilo que faz o governo japonês em relação aos feriados. Dia 23 é dia do trabalho aqui, ou, pelo o que pude entender, alguma coisa parecida com isso. Bem, acontece que dia 23 de novembro, esse ano, caiu em um domingo. Então pergunta-se, qual é a razão de ser de um feriado? Um feriado serve para que as pessoas, saindo de sua rotina normal, comemorem (do latim Co- junto + memorae-lembrar) uma certa data. Só que se o dito feriado cai em um fim de semana, o sentido se esvazia, já que no fim de semana a rotina já é fazer nada.
então o que faz o governo japonês nessas ocasiões? Feriado substituto! Esse é o nome. Segunda feira foi feriado substituto, ou seja, já que o feriado mesmo caiu em um domingo, façamos outro feriado pra substituir na segunda feira! E eu que sempre pensei que em matéria de feirados nós éramos os experts...
Bem, eu fui a Kyoto no feriado, ainda vendo as folhas vermelhas, agora de noite iluminadas, como vocês pdem conferir pelas fotos. Mas também tive de preparar um seminário para hoje. Mas sobre isso eu falo mais no post aí de cima! Adios!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Jardins


























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Boas. Os dias continuam lindos, mas cada vez mais frios. Eu tenho resistido ao máximo ligar o aquecedor, mas ontem me peguei com 3 meias e luvas de esqui dentro de casa, acho que já é hora de fazer o bichinho funcionar. Quem sabe ele não quebra também e me dá a chance de receber mais alguns dólares né? Aliás, como tem bicão nesse mundo! A média de comentários de posts nesse blog é um, máximo 2 comentários por post, foi só eu falar que eu não ia pagar mais aluguel e com isso economizar uns trocados que já veio um monte de bicão querendo presente! Aff, pobre é fogo viu!
Bem, ontem eu fui a Hikone, cidade que fica a duas horas daqui. Fui de carro com o Doi San, que resolveu ser meu mehor amigo e vive me levando pra passear. Segunda me levou pra Kyoto, pagpu almoço, jantar e todas as entradas para os templos e jardins de Kyoto. Ontem fomos de carro apra Hikone, e na volta novamente me levou para um desses restaurantes chiques. Eu até que finjo que vou pagar a minha parte, faço aquela cena, coisa e tal, mas já sei que ele não vai aceitar, graças a Deus. Mas segunda e ontem eu me deparei com um verdade que nunca tinha percebido no Brasil. A gente acha que japonês é bom de tecnologia, sabe fazer carro, robô, essas coisas. isso tudo é bobagem. Pelo menos não é o mais importante. Acho que o mais importante produto japonês, aquele que realmente deveria ser mostrado para o resto do mundo e motivo de orgulho, não deveria ser o corolla ou o civic, ou esses lap tops minísculos, mas sim os jardins. Sim amiguinhos, os jardins.
O jardim japonês é uma metáfora, não tem flores porque essas são passageiras, sempre tem uma ponte, um lago, pedras, lanternas, e cada coisa tem o seu significado. Mas eu não ligo muito pra isso não eu gosto mesmo é de estar lá, no jardim, vendo as coisas bonitas, sem significado mesmo, vendo só por ver. Coloquei aí em cima uma foto de um jardim que vi ontem.
Se você tiver um tempo este fim de semana, vai ver um jardim!

Respondendo

Sem respostas para vocês, bando de pidões!!!! Quando eu voltar vocês vão estar tão alegres que presentes serão um detalhe menor!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O NEGOCIADOR


Boas. Quem vê essa cara de preguiça, de um sonolento brasileiro no frio japonês, não imagina o tremendo negociador que existe aí. Vejam o seguinte caso:
Vocês se lembram que meu aquecedor deu pau, e começou a sair água e inundou o ap, e eu tive de me mudar por uma semana para um outro quarto? Pois é, depois de tudo arrumado, os caras em mandaram de volta para o meu quarto e me mandaram uma funcionária da empresa que falava inglês para se desculpar e coisa e tal. O problema é que o inglês da dita funcionária era pior do que "the book is on the table" que ela provavelmente diria "The brook is in the tabru". Mas essa nem era a maior arma da dita funcionária, sua maior arma era mesmo o bafo. Sabe aquele hálito horrível? Agora some a ele um bafo de cigarro de três dias. Era isso. Eu que já não suporto bafo de cigarro ( por isso que até hoje não beijei nenhuma modelo, pois como vocês sabem elas fumam para manter o peso, bem, por isso e também porque até hoje nenhuma me quis beijar), fiquei com dor de cabeça só de conversar com a mulher por dois minutos. Mas depois que ela saiu eu pensei, puxa, não é justo os japas virem aqui e só dizerem "desculpa!" Eu sou um pesquisador que fiquei sem poder "trabalhar" por uma semana por conta da mudança de apartamentos, sem falar que quando retornei ao meu apartamento ainda tive de fazer uma faxina! Não, isso não vai ficar assim!
Fui até a universidade e falei para a Yamaguchi san ligar para a empresa e dizer que eu estava chateado, e queria algo mais. Bem, dois dias depois eles me chamaram para uma reunião com três funcionários da empresa, inclusive a bafo de onça fumante. Eu pensei, puxa, pelo menos uma camisa da empresa, uma sacola, sei lá, um lápis promocional esses caras vão ter de dar. Então eu coloquei toda a minha agonia e sofrimento, e no melhor estilo ocidental de negociação, perguntei como eles estariam dispostos a ressarcir meus prejuízos. Eles, no melhor estilo oriental, perguntaram o que eu queria. Hum, eu não estava pronto para essa pergunta, sei lá o que eu quero, e pior, eu nem sabia direito o que era certo ou errado pedir. Então, mas uma vez seguindo meu estilo agressivo de negociação, moldado por vários episódios de "o aprendiz" pensei, vou pedir 10x pra tentar conseguir x, então eu falei "olha, já paguei meu aluguel até dezembro, teria ainda de pagar janeiro fevereiro e um pouquinho de março, já que em março eu volto para o Brasil, então eu quero não pagar mais meu aluguel nesse período." Eles me olharam com uma cara estranha, eu pensei, "oh oh, acho que pedi demais," e falaram que precisariam de um tempo para discutir a proposta com não sei quem. Hoje deram a resposta - eu não preciso mais pagar aluguel! uns mil e pouco dólares economizados graças a minha habilidade como negociador. Com direito ainda a seguinte em pérola em inglês "resolvemos aceitar e dar esse dinheiro de consolação pelas dores mentais sofridas!"
Viu, é fácil, lute pelos seus direitos, se não der, tente pelo menos os esquerdos!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Viagem a hirogano
























































(CLIQUE NAS FOTOS PARA TORNÁ-LAS MAIS MAIOR DE GRANDE!)

Boas. Aí estão algumas fotos da viagem que eu fiz com o meu professor e a coreana para a casa de campo dele. A viagem foi super tranquila, o outono proporcionou novamente paisagens incríveis. De manhã eu, para impressionar, fiz esses deliciosos pães que vocês podem ver nas fotos. Em uma das fotos também vocês podem ver a coreana com uma placa, que diz "floresta dos sábios" bem, alguma coisa próxima disso...
A gente saiu de Otsu as 7:30 da manhã, e fomos parando no caminho. Uma das paradas foi esse patrimônio cultural da humanidade Shirakawa-go, onde eu estou fazendo amizade com os espantalhos. Nessa região as casas tem esse formato de telhado porque neva muito, e assim a neve não se acumula nas telhas. É um dos lugares mais bonitos que eu já vi, e eu lamentei o fato de não ter uma dessas câmeras profissionais para tirar fotos mais legais do lugar. Depois nós fomos para uma cidadezinha pequena próxima do lugar onde meu professor tem sua casa de campo, e compramos a comida para o jantar e o café da manhã. Eu peguei um quilo de farinha de trigo e um pacote de queijo, e falei que com aquilo eu faria o nosso café da manhã. Os dois não botaram muita fé nas minhas habilidades, aí eu tive de contar de como eu sou ninja e de como eu consigo alimentar até 500 pessoas com um pacote de farinha de trigo e água. A casa de campo do meu professor é bem bacana, e fica próxima a uma estação de esqui, mas nessa região a neve só vai chegar mesmo em Dezembro, por agora só está nevando em Hokkaido. É claro que o meu professor quis ir até um Onsen, então de noite lá fomos nós para um Onsen. Eu até que agora já me acostumei, e gosto de tomar banho em Onsen. Lá existem espaços com banquinhos, sabonete líquido e shampoo, onde você senta e se lava. Depois há vários tipos de piscinas, jacuzis, tudo com água termal dos vulcões. É claro que existe o incoveniente de ficar pelado junto com mais um tantão de macho, mas enfim, quem não deve não teme e, acreditem, no Japão ninguém precisa temer!
A noite meu professor começou a roncar em frente a TV, e foi logo dormir. Eu fiquei assistindo a um programa desses ridículos que há por aqui com a coreana, Con san. Aliás falando com ela, tive a sensação de que quanto mais o tempo passa, mais difécil é para as das coréias voltarem a ser uma. Agora ainda há pessoas com parentes e memórias na outra coréia, mas a geração de Con san já não tem mais essa ligação tão forte e ela e seus amigos por exemplo nem querem que a coréia do sul se una novamente a coréia do norte, porque para eles isso significaria simplesmente a coréia do sul entregar um monte de dinheiro para fazer com que o norte se desenvolva.
No outro dia de manhã eu provei que sou ninja mesmo e fiz os pães com a farinha de trigo, e coloquei o queijo derretido pra complemetar. Tudo bem que o japonês de manhã come sopa com arroz e peixe, mas meu professor até que não reclamou deste café da manhã mais, digamos assim, ocidental.
Na volta ainda paramos em um castelo para ver as momijins, e chegamos de volta a Otsu por voltas das 4 da tarde. Eu estava quebrado, mas a viagem valeu a pena.

Momijin














































(CLIQUE NAS FOTOS PARA TORNÁ-LAS MAIS MAIOR DE GRANDE!)

Boas. É época dp Momijin. Momijin é aquela árvore cuja folha orgulhosamenta se ostenta na bandeira do Canadá. Lá eles a chamam de Mapple tree, aqui eles a chamam Momijin. No Japão a primavera é tempo das sakuras, multidões se acotovelam nos parques, todas as primaveras, para fotografar as sakuras. Agora, as mesmas multidões novamente se aglomeram, mas para fotografar as folhas amarelas e vermelhas que são o símbolo do outono. É impressionante ver tanta gente. Ontem por exemplo era uma segunda feira, dia de trabalho, e kyoto estava intransitável. centenas de ônibus de excursões, estudantes, velhinhos e velhinhas, jovens, gaijins, tinha de tudo. Eu fiquei pensando, puxa, mas e aquele estereótipo de que japonês só trabalha, essa japonesaiada toda não deveria estar trabalhando agora?Bem, não sei, só sei que não estavam, estavam com suas modernas máquinas em mãos, fotografando a natureza.
Isso me fez pensar também que no Brasil a gente não faz muito isso. É meio irônico, porque a gente se julga o país com as maiores belezas naturais do mundo (aliás acho que isso faz parte do nosso complexo de vira-latas, como a gente na verdade se acha inferior, usa desses mecanismos de defesas dizendo que tudo no Brasil é o mais belo e maior, a melhor natureza, as mulheres mais belas, o povo mais criativo, o melhor futebol, aquela lenga-lenga toda...) mas bem, se a gente gosta tanto assim da nossa natureza, porque a gente não sai, fotografa, vai aos parques, tenta visitar a amazônia ao invés de todo verão ir para a mesma praia, ou todo carnaval para a Bahia, enfim, não sei. Quando a gente vem morar fora, a nossa cabeça começa a pensar em um monte de perguntas sobre nós mesmo e nosso país, mas infelizmente, nem sempre ela pensa nas respostas... Bem, tudo o que sei é que, como eu já disse aqui, adoro o outono, e nas fotos vocês podem ver um pouquinho do porquê.

sábado, 15 de novembro de 2008

Fotos da última viagem






































Algumas fotos da última viagem. Ainda tô meio quebrado, há tempos que eu não acordava tão cedo... Depois eu falo um pouquinho sobre como foi a viagem...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

As sacolas plásticas e as ilhas Maldivas

Vocês sabem as Ilhas Maldivas? Não? Hum, ficam no oceano índico, ali a direita de quem vai pra Índia, segundo farol depois do Sri Lanka, antigo Ceilão. Vocês conseguem imaginar a ligação entre as ilhas maldivas e a minha sacola de compras aí ao lado? Bom, vou tentar explicar...
Como já disse, fim de semana passado estive em Nagoya. Notei uma coisinha que mudou por lá - se você for fazer compras e não levar a sua sacola, paga pela sacola de plástico. Aqui em Otsu você não paga, mas tem desconto se levar a sua sacola. É por isso que eu sempre levo essa fubanga aí do lado. Quando eu cheguei aqui no Japão eu realmente me impressionei em como eles tratam essa questão do meio ambiente seriamente. O lixo por exemplo. No começo é um saco, tem de separar tudo, tem dia certo pra colocar o lixo certo pra fora, tem as sacolas próprias de cores diferentes, mas depois de um tempo a gente acaba se acostumando. Todo mundo sabe que um dos maiores vilões do meio ambiente são as famigeradas sacolas plásticas, essas sacolinhas de supermercado. Aqui no Japão quase ninguém usa. Agora em Nova Iorque o prefeito Bloomberg quer passar a cobrar também pelas sacolas plásticas. Pelo que li a confusão lá tá grande. Na França, há um bom tempo que se tem de pagar pela sacola plástica. E o pior é que tanto aqui como lá, se você esquece a sua sacola e tem de comprar uma sacolinha plástica pra levar as compras, as pessoas te dão aquele olhar de reprovação.
Vejam, eu nunca fui um ecoxiita, e continuo não sendo. Mas vejo que algumas coisas que são simples, que a gente podia fazer aí no Brasil, a gente não faz. Acho que isso é um efeito perverso daquela nossa brasilidade. Aqui e também nos E.U.A e na Europa, as pessoas são muito mais individualistas do que no Brasil. Então elas pensam, "vou fazer a minha parte, vou fazer o meu, e que se lixe o resto do povo," tipo "cada um no seu quadrado verde." No Brasil, a gente pensa, "pô, nem vou fazer, porque sei que neguinho do lado num tá fazendo nada mesmo, então eu sozinho não vai ter efeito nenhum, logo..."
Eu não sei porque a gente tá tão atrasado nessa quentão do lixo, das sacolinhas plásticas. Acho que não custava nada a gente começar, por exemplo, a não usar as sacolas de plástico aí no Brasil também.
As Ilhas Maldivas? Ah, o novo presidente, Mohamed Nasheed, tomou posse essa semana. Uma das promessas de campanha foi usar parte das reservas nacionais para comprar uma porção de terra no Sri Lanka ou na Índia. É que as ilhas Maldivas ficam a apenas poucos metros acima do nível do mar, e com o aquecimento global do jeito que tá, eles correm o sério risco de desaparecerem debaixo das águas do Oceano Índico. Por isso o presidente quer comprar essa terras, para que em caso de emergência, o povo das Ilhas Maldivas tenham um poquinho de terra firme.
Então aí vai o apelo. O Povo, vamos separar o lixo, vamos banir as sacolinhas plásticas. Deixem o povo das ilhas Maldivas em paz. Eles agradecem.

PS: Ficarei fora uns dias. Meu amado orientador convidou a Koreana, eu e a Chinesa para passarmos o fim de semana na casa de campo dele, num lugar frio pra caracas. Já imaginaram a situação né, só espero não ter de tomar banho de Ofurô pelado com ele de novo! Ai, ai, ai, eu me meto em cada uma...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Universidade de Shiga - Ontem de tarde.








































































Ontem, depois das estafantes aulas, tirei essas fotos do Campus em um típico dia de Outono, minha estação preferida. Temperatura ontem, 5 graus.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

As algemas de Chen Shui-bian

Boas. Hoje é dia de aula de japonês a partir das 10:30, e depois mais aulas com Doi San, das 13:00 até as 15:00. Nesse intervalo tem o almoço, mas eu sempre vou para a biblioteca antes e espero uma meia horinha para não pegar filas. Nesse meio tempo eu fico lendo os jornais, que no meu caso, por uma questão técnica (eu não consigo ler os jornais em japonês) se limitam aos jornais em inglês, o Herald Tribune e o New York Times. Bem, hoje na capa do Herald Tribune tinha uma foto que me chamou a atenção, essa aí que você vê. É o ex-presidente de Taiwan, sendo preso e, para o meu espanto, algemado. Digo para o meu espanto porque, como bom brasileiro que sou, aprendi com os ilustríssimos senhores juízes do tribunal superior de meu país que algema não é coisa que se use assim, só em "caso de resistência e de fundado receio de fuga..." Eu não acho que eles lá em Taiwan estivessem com medo de que o ex-presidente fosse sair correndo no meio da rua, ou que fosse dar uns tapas na cara dos policiais. Acho que eles usaram a algema lá porque entendem, como o resto do mundo, que algema é símbolo de justiça, de dever cumprido, de separação entre o elemento que quebra a lei e o que vive de acordo com ela. Mas...
Mas o que me impressiona mesmo na foto é que o ex-presidente, Chen Shui-bian não está escondendo as algemas, não as colocou sob uma camisa ou toalha, como os gatunos de cá, pelo contrário, ele as está mostrando, aí eu pensei, hum, o que isso quer dizer?
Eu acho que ele tá querendo dizer que é inocente. Nesse caso as algemas se tornam um símbolo de injustiça. E ele as mostra, porque se for inocente mesmo, a vergonha de estar usando as algemas não é dele, mas do Estado que as colocou em um inocente, do Estado perseguidor, policialesco. É por isso que ele faz questão de as levantar bem alto, para que todos vejam suas algemas, e julguem se elas são um símbolo de justiça ou injustiça, para que julguem sobre quem elas estão trazendo vergonha, para o criminoso, ou para o Estado perseguidor.
Mas graças a Deus, digo, graças aos deuses (os de toga preta) nos no Brasil não precisamos nos preocupar com essas coisas. A única coisa que temos é a não algema para os ricos, impunidade, nosso símbolo maior.


Respondendo:

Rafael: acho que não hein, mesmo pra japonês aquele buraco era pequeno demais!

Kobelus: vidro de perfume com certeza não é...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


Boas. Bem, como eu disse estive em Nagoya no fim de semana. É que o Renat, como eu já disse aqui, casou-se com uma japonesa. Os amigos de Nagoya não puderam ir ao casamento, porque era meio longe, em Kyusho, então neste fim de semana ele nos convidou a todos para irmos comemorar e celebrar seu casório em um restaurante.
Bom, vocês não odeiam quando alguém os convida para uma festa em um restaurante? Não há como evitar a tensão do pensamento "quem vai pagar a conta." Como essa tensão se faz presente por toda a festa, você nunca fica totalmente confortável para fazer as suas escolhas. É difiícil escolher algo quando você não sabe quem está pagando! Pos favor amigos, evitem isso. Quando me convidarem para uma festa em um restaurante, deixem explícito no convite, "olha, é cada um por si" ou então "olha, boca livre, por minha conta." Assim todos ficamos mais confortáveis!
Bem, no final das contas as contas foram por conta do Renat mesmo, nós fizemos aquela falsa menção de querer pagar, que sempre se faz nessas situações, mas sem nenhuma real intenção e sem insistir muito. Também entregamos, como presente de casamento, uma cafeteira e um pacote de café Pilão, o original do Brasil!
Mas de volta a Otsu, minha amada cidade entre um rio, um lago e várias montanhas, eis que as preocupações esperavam por mim. Hoje era dia de exame médico obrigatório, e para esse exame havia de se levar as famosas fezes e urinas, também conhecidos como cocô e xixi, para o exame. Acontece meus amigos, que o aparato para depósito da minha preciosa urina, era esse aí da foto. Um saco de papel, sem nenhum furo a não ser essa entrada gigante, e um frasco plástico com essa abertura ridícula. Eu juro pra vocês que eu olhei, olhei, pensei, pensei, e desisti. Não sei como eles esperam que eu coloque o meu xixi nesse frasco ridículo. Não vou fazer xixi nesse saco de papel, porque isso não pode dar certo... Não levei meu xixi, e para o cocô não se sentir sozinho, não levei o cocô também. É meus amigos, recebi uma bolsa do governo japonês, estou aqui pesquisando a educação no Brasil e no mundo, mas no final a piada se tornou realidade, reprovei no exame de fezes.


SOBRE MEU ÚLTIMO POST:

Eu acho que não me expliquei muito bem no último post. Eu não acho um problema, ou ruim, que as pessoas façam concurso. O que eu acho ruim é que tenhamos atingido um ponto onde essa é a ÚNICA opção. O que eu gostaria é de viver em um país onde os meus alunos tivessem outras opções também.


Respondendo:

Rafael : Arigatô gozaimas!


valero: não, sei comentário é que foi fonte de inspiração.

Kobelus: Não vejo problema em fazer concurso, só acho triste que seja a única opção.

Taynara: Não há problema algum em querer ganhar dinheiro, só gostaria que a gente vivesse em um país em que as pessoas tivessem mais opções para issso.

Nai: POis é, eu também acho normal. O que eu acho normal é um país que só deixa essa opção para os jovens, e acha isso normal!


Boas. Acabei de chegar do futebol e estou cansadíssimo e com um super friíssimo, assim vou deixar para escrever amanhã, com mais calma e menos cansado. deixo aqui essa foto tirada no fim de semana, quando estive em Nagoya. Besos, David

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

os gatos nascem pobres, mas nascem livres...

O post de hoje é o resultado dos comentários de dois leitores do blog.

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Artigo primeiro da declaração universal dos direitos do homem. Os caras eram bons. Tiveram o cuidado em dizer que as pessoas nascem iguais em DIGNIDADE e DIREITOS, mas não disseram que as pessoas nascem iguais, porque não nascem. Nascem diferentes, e é bom que seja assim.

A coisa mais chata aqui no Japão é a padronização. Até os diferentes são diferentes em bandos, e quando se olha o bando se vê que são iguaizinhos em sua diferença. Um saco. Onde quer que se vá os shoppings são iguais. As estações de trem, iguais. As marcas, iguais. E o Brasil?
Puxa, no Brasil já foi diferente. Eu recebi um email de um colega do tempo do meu 2o grau no Leonardo da Vinci. Escola grande, havia umas dez ou onze turmas diferentes, mas todo mundo falava com todo mundo. Naquela época os alunos não usavam uniformes, e adolescentes que éramos aproveitávamos para mostrar um pouco da nossa originalidade ou preguiça. No meu caso, por preguiça, eu vagava sempre com uma calça de moleton e uma sandália, fácil de calçar nos atrasos das manhãs sonolentas. Esse meu colega, o Diego, (claro que lembro, BIAFRA! hehehe) pelo que me lembro, era mais arrumadinho, coisa e tal. Havia ainda uns cabeludos, umas patricinhas, uns maconheiros, playboys da capoeira, éramos todos amigos, diferentes e tolerantes aí com nossas diferenças. Todo mundo se impressiona quando ouve que a gente é amigo e se fala até hoje.
Quando eu voltei de Campinas após 4 anos de faculdade e mais 2 de mestrado, me espantei em ver que as escolas em Brasília adotavam uniformes. Até hoje acho isso um pecado. A escola quer porque quer fazer todo mundo igual. A escola tenta matar as diferenças, podar os alunos, adestrar as novas peças para o mercado de trabalho e para a sociedade chata em que vivemos. É por isso que quando saem das escolas os alunos são presenteados com uma "formatura" ou seja, aí estão, todos na mesma fôrma.
Quando eu era esse aluno de 2o grau, a gente também sonhava. Uns queriam ser músicos, eu queria ser arqueólogo, outro queria ser médico, uma amiga virou bailarina, e assim a coisa ia. Outro dia recebi o comentário de uma ex aluna, meio que frustrada meio que sem forças, constatando o que todo mundo já sabe: hoje ninguém sonha mais, só queremos ser funcionários públicos.
Eu em pergunto, quando foi que a gente deixou que o nosso país começasse a roubar os sonhos da nossa juventude? Quando foi que a gente passou a achar normal que os nossos filhos não pudessem mais sonhar com profissões, mas que tivessem de se contentar com empregos, bem remunerados, é verdade, mas empregos? Eu não sei, mas sei que a gente perdeu a mão. Tudo é normal. A violência absurda, o político ladrão, uma escola sem imaginação, adolescentes concurseiros. Parece exagero, mas me lembra um poema do maiakóvsky "Na primeira noite eles se aproximam, roubam uma flor de nosso jardim e não dizemos nada. Na segunda noite já não se escondem: pisam nas flores, matam nosso cão e não dizemos nada. Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, roubam-nos a lua e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta, e porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada." As pessoas são diferentes. Nós temos o direito de sermos diferentes. Se não nos tivessem roubado a voz, poderíamos até gritar isso por aí.

Kobelus: POde crer, Edris pra presidente!

Sams: Saudades, e OBRIGADO!!!

Larissa: hehe, titio, culto, sei, sei, menos, menos. Não corre muito não querida, " a vida é o que acontece com a gente enquanto a gente tá ocupado fazendo planos" John Lennon!

Sarah: Foi realmente empolgante. Você vê que o mundo melhorou, a crise de 29 gerou Hitler e Mussolini, a de 2008 gerou Obama!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Yes, we can

Boas. Apoveitando-me do fuso horário favorável, acompanhei de perto a apuração lá nos States. Além do que, com o frio que anda fazendo, eu tento mesmo passar a maior parte do tempo trancado no meu apartamento, e acompanhar a apuração pareceu-me um programa interessante. Os americanos fizeram, elegeram o preto. "Sim, nós podemos," era o slogan do candidato Obama. Mas será que podem mesmo?
Para nós, brasileiros, a eleição do negão foi um tapa na cara. Nós que sempre acusamos os gringos de racistas e preconceituosos, nós que somos tão modernos e inteligentes, percebemos que a melhor maneira de se tratar um problema é reconhecê-lo. A gente não consegue reconhecer problema, então ele continua, latente, ora dormente, mas sempre pronto a acordar. A verdade é que o Brasil nunca elegeria um negro filho de um imigrante africano. Quantos prefeitos negros o Brasil elegeu nas últimas eleições?
A eleição do negão é a prova de que o sonho americano, aquele que a gente sempre gosta de zombar, é real. Mas o que me deu inveja mesmo foi ver que os americanos se empolgaram, os jovens compareceram, os empresários ofereceram cafés e rosquinhas para quem fosse votar, enfim, as pessoas se sentiram inspiradas. Quando foi a última vez que um político inspirou os eleitores no Brasil?
Se o Negão vai ser ou não um bom presidente, eu não sei. Mas ele terá de se esforçar muito para ser pior do que o Bush. E antes que a gente se afobe em provar a burrice americana dizendo que eles elegeram o Bush, não nos esqueçamos que a maior cidade do Brasil elegeu Frank Aguiar, Clodovil e Paulo Maluf para a câmara, que Brasília elegeu e elegeu de novo e de novo Joaquim Roriz e para finalizar, elegeu ainda o chorão-menino-de-recados-de-ACM- fraudador-de-painéis-eletrônicos.
Na eleição americana, dependendo do estado, eles escolhem desde presidente até diretor de escola. Parece que em São Francisco Bush estava concorrendo. Havia um plebiscito para colocar o nome de Bush em uma estação de esgoto. Ele perdeu. O nome de Bush não serve mais nem para ir para o esgoto. Sim, eles podem.

Respondendo:


Tatá: Coragem!!!

Kobelus: Que bom que voltou hein! Ninguém estava comentando mais!

Valero: Siga em frente querida, de quando em quando bate uma maresia mas faculdade é assim mesmo, no final você vai ver que valeu a pena! Besos1

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Reflexões



Boas. Ontem, enquanto estava relaxando em meu ofurô (hehehe, a chei um jeito de encaixar essa frase) fiquei pensando sobre a vida. Nessas de pensar sobre a vida, o que pode ser uma tarefa extremamente perigosa, lembrei-me do meu primeiro emprego de "carteira assinada": escriturário do Banco do Brasil. Escriturário é o cara que veste um colete amarelo ecrito "posso ajudar?" e tenta fazer com que os velhinhos e analfabetos funcionais do Brasil consigam operar as nem sempre simples máquinas do auto-atendimento.
Eu me lembrei que para executar essa tarefa, que venhamos, não é tão complicada assim, o governo me mandou para São Paulo, onde fiquei uma semana hospedado em um hotel cinco estrelas fazendo um treinamento. O treinamento consistia basicamente em ensinar uma coisa aqui e outra ali e a fazer uma lavagem cerebral no sujeito para que ele acreditasse que o Banco do Brasil é a melhor empresa do mundo. Além é claro daquelas estúpidas palestras motivacionais onde um sujeito que se chama "consultor" ganha rios de dinheiro para falar frases estúpidas a la Paulo Coelho, tipo "na África todo dia uma gazela e um leão acordam e correm. A gazela corre para não ser alcançada pelo leão, o leão corre para alcançar seu alimento, a gazela. A vida é uma selva, todas as manhãs nós acordamos e temos de correr. A escolha é sua, você vai correr com as gazelas ou com os leões?" Bem, aquilo foi tão ridículo que marcou a minha pobre personalidade, e hoje, passados quase dez anos, ainda me lembro. Fora isso esse negócio de correr com gazelas, sei não. Enfim, é uma gigante bobagem capitalista reduzir a vida a uma corrida de leões e gazelas. Eu de minha parte, sou um contemplador, e aí nessa foto vocês podem me ver parado, sem correr para canto algum, vendo as folhas de outono no Japão e gostando muito de tudo isso.
Mas o que realmente me chamou atenção nessas reflexões de ontem, foi que eu me lembrei de que quando assumi o posto de professor da Fundação Educacional do DF, recebi uma carta para ir a uma escola tal em Sobradinho. Quando cheguei a escola, o cara me falou, "você é o professor de história?" Eu que não sabia bem qual era a resposta para aquela pergunta respondi meio sem confiança "sou." Aí ele, "me segue". Então o sujeito me fez entrar em uma sala com uns quarenta alunos gritando porque afinal não tinha nem um professor em sala, gritou "aí pessoal, silêncio, fulaninho dessa da cadeira, esse aqui é o novo professor de história!" olhou pra mim e disse um "boa sorte" meio sarcástico. Era isso.
Moral da história: para ser um escriturário do banco do Brasil o governo acredita que eu preciso de uma semana de treinamento. Para ser professor, não. Aliás, sejamos mais justos, todo mundo que entra em uma carreira pública qualquer passa por um treinamento, menos o professor. Pergunta: é certo isso? Não. é só uma prova da REAL medida do valor que o gover no dá para o assunto.

Dado: Salários iniciais (aproximados) para 40 horas no DF, valor BRUTO

Agente de polícia civil: 7.000
Soldado PM: 4.000
Professor:3.000

Educar, pra quê? Vamô prender!!!!!!!!!!

Respondendo:

Rafael: é muito bonito mesmo!

larissa: pô, também tô com saudades! vc. sumiu!

Valero: Es cierto, tuvo dos estudiantes mexicanos sólo... Pero los dos éran Valero! Vuelvo en Abril ou Marzo... Y la faculdad cómo estás? enviá un beso a tu hermana, besos,